sexta-feira, 26 de outubro de 2012

"O GAROTO DA BICICLETA" DIA 29/OUT 20HS CENTRO DE CULTURA


SINOPSE Cyril tem quase 12 anos e apenas um plano: encontrar seu pai, que o deixou temporariamente em um orfanato. Por ter de lidar com o abandono, o garoto desenvolve um comportamento difícil e acessos de raiva que variam entre o desejo de afeto e a determinação de viver sozinho. Por acaso, ele conhece Samantha, que administra um salão de cabeleireiro e concorda em deixá-lo ficar com ela nos fins de semana. No entanto, Cyril não se importa com o amor que Samantha quer dar a ele.
FICHA TÉCNICA Diretor: Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne
Elenco: Thomas Doret, Cécile De France, Jérémie Renier, Fabrizio Rongione, Egon Di Mateo, Olivier Gourmet, Batiste Sornin, Samuel De Rijk, Carl Jadot, Claudy Delfosse, Jean-Michel Balthazar
Produção: Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne, Denis Freyd
Roteiro: Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne
Fotografia: Alain Marcoen
Duração: 87 min.
Ano: 2011
País: Bélgica/ Itália/ França
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Imovision
Estúdio: Les Films du Fleuve


CRÍTICA (Heitor Augusto, cineclick)
O Garoto da Bicicleta, nova realização dos Irmãos Dardenne (O Silêncio de Lorna, A Criança), seria um grande filme se não decidisse adotar um discurso moralista (jornada de aprendizado do herói), artimanha que passa a ser notada na parte final e fica explícita na sequência derradeira, cujo didatismo é irritante e não condiz com a qualidade do que fora narrado até então.

Afora esse desfecho escorregadio, vê-se no vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes deste ano uma maravilhosa encenação sobre a prisão e a liberdade, o isolamento e a socialização, o pertencer e o marginalizar-se.

O Garoto da Bicicleta
 tem a sensibilidade de apresentar os dilemas dos personagens sem nos incentivar ao julgamento ou à condenação – o abandono e o medo que dele surge é o principal. Até mesmo o pai que renega o filho tem suas razões. Todos nós temos nossos motivos, justificativa que, todavia, não torna nossos atos menos daninhos.

É isso que também está em jogo em
 O Garoto da Bicicleta: o daninho dos nossos atos, estejamos conscientes dos efeitos ou não.

A infância é novamente o centro das atenções dos Dardenne. O menino Cyril (Thomas Doret em ótima performance já na estreia) liga desesperadamente para seu pai, mas ninguém atende. Com o tempo, sabemos que Cyril foi deixado provisoriamente em um orfanato por seu pai (Jérémie Renier, ator alçado pelos Dardenne em
 A Promessa) que desapareceu do mapa. A única esperança do garoto com o mundo real está na sua bicicleta, que a cabeleireira da pequena cidade (Cécile de France, de Além da Vida) recupera.

Entrando no labirinto proposto pelo filme, descobriremos quem é o pai irresponsável, a cabeleireira que aceita cuidar do menino nos fins de semana e a dor de Cyril.

A bicicleta é o gesto de liberdade de um garoto que não foi ensinado a expressar sentimentos. Cyril é instintivo como um animal irracional. Não à toa, ganha o malicioso apelido de Pit bull. Enquanto um adulto equilibrado usa a palavra para lutar, o confuso menino morde – e isso não é figura de linguagem. Qualquer presença indesejada que se acerque é mordida.

Quando o desespero se apodera dele, Cyril age como um cachorro. Quando a cabeleireira, sua guardiã, lhe oferece um cego afeto, ele verbaliza – mesmo que pelo choro. A construção de cada detalhe pelos Dardenne é mais que cuidadosa, do lençol que envolve o garoto como uma camisa de força às pedaladas desordenadas na entrada do orfanato.

São esses detalhes na encenação que colocam
 O Garoto da Bicicleta acima de outros filmes sobre infância problemática – por exemplo, o recente francês Feliz que Minha Mãe Esteja Viva. Pena que seu final não reflita o tamanho da qualidade do restante do filme.

Sessão de Cinema comentado dia 27 outubro as 14h na UNISC Sala 5328


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

FILME "KATYN" DIA 22/10 20HS CENTRO DE CULTURA

 
País: Polônia – 2007 – Colorido
Duração: 118 min.
Direção: Andrzej Wajda
Elenco: Artur Zmijewski, Maja Ostaszewska, Andrzej Chyra, Danuta Stenka, Jan Englert, Magdalena Cielecka, Agnieszka Glinska, Pawel Malaszynski, Maja Komorowska, Wladyslaw Kowalski, Oleg Dracz, Oleg Sawkin, Sergei Garmash, Antoni Pawlicki, Agnieszka Kawiorska
Sinopse: (segundaguerra.net) Katyn não é apenas mais um filme sobre a segunda Guerra Mundial. Muito mais que um roteiro que pegou carona no bonde da guerra, Katyn é um relato histórico serio e surpreendente.
O filme inicia com uma leva de refugiados marchando em fuga para evitar os alemães e logo se deparam, sobre uma ponte, com outros refugiados vindos em sentido oposto; indignados alguns gritam para voltarem, mas ouvem claramente: “Os soviéticos nos invadiram!” Para eles isso ecoa como: Não há saída!
Nesse clima tenso e agitado é que Katyn traz a nós mais um pouco da realidade atroz da Polônia desde o início do conflito mundial.
Passados quase 70 anos, o mundo recebe no cinema a verdadeira história do massacre de Katyn, onde 20 mil oficiais poloneses foram fuzilados por tropas da União Soviética, 12 mil somente na floresta de Katyn, e os demais em campos de prisioneiros.
Com a derrota da Alemanha na guerra, a União Soviética disseminou a mentira de que o responsável por tantas mortes havia sido os Nazistas, e mesmo toda a população polonesa sabendo da verdade, não pôde fazer outra coisa que aceitar em silêncio.
O filme não apenas reproduz a história do massacre de Katyn, mas também expõe o sofrimento das famílias que aguardaram por anos o retorno de seus entes queridos, sem imaginar que haviam perecido logo após serem presos.
O próprio Diretor do filme, Andrzej Wajda, teve seu pai morto no massacre. Ele e sua mãe também aguardaram pela volta de seu pai, e quando souberam da sua execução, além da dor pelo luto, ainda tiveram que engolir a mentira imposta pelos Soviéticos.
Katyn é um filme emocionante e fiel ao principio histórico. Não há romances paralelos, não há nenhum ponto de fuga costumeiro em filmes puramente comerciais – pois Katyn não é um filme comercial. Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2008.