sexta-feira, 27 de abril de 2012

ADEUS MENINOS DE LOUIS MALLE DIA 30/04 20HS CENTRO DE CULTURA



SINOPSE
França, inverno de 1944. Julien Quentin (Gaspard Manesse) é um garoto de 12 anos que frequenta o colégio Sr. Jean-de-la-Croix, que enfrenta grandes dificuldades devido a 2º Guerra Mundial. Lá ele se torna o melhor amigo de Jean Bonnett (Raphael Fejto), um introvertido colega de classe que Julien posteriormente descobre ser judeu. A tragédia chega à escola quando a Gestapo invade o local, prendendo Jean, outros dois alunos eainda o padre responsável pelo colégio.

FICHA TÉCNICA
Título original:
Duração:
103 minutos (1 hora e 43 minutos)
Gênero:
Drama
Direção:
Louis Malle
Ano:
País de origem:
FRANÇA
ELENCO:


Gaspard Manesse (Julien Quentin)
Raphael Fejto (Jean Bonnet)
Francine Racette (Madame Quentin)
Stanislas Carré De Malberg (François Quentin)
Peter Fitz (Muller)
Pascal Rivet (Boulanger)
Benoît Henriet (Ciron)
Richard Lebouef (Sagard)
Xavier Legrand (Babinot)
Irène Jacob (Davenne)

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Cópia fiel de Abbas Kiarostami dia dia 9, 20h, segunda na Estação Férrea



Se a qualidade de uma obra de arte depende do contexto e está nos olhos de quem a vê, argumenta o escritor inglês James Miller (William Shimell) no começo de Cópia Fiel (Copie Conforme, 2010), então uma falsificação pode ter a mesma validade do original. É como a imagem da Coca-Cola reinventada pela pop art, diz ele, que está na Toscana para divulgar o seu livro, intitulado justamente Cópia Fiel.
Em seu primeiro filme rodado fora do Irã, o mais importante cineasta do país, Abbas Kiarostami, parte desse princípio de Miller para legitimar a sua homenagem a Viagem à Itália. Como no clássico de 1954 de Roberto Rosselini, temos o que normalmente seria uma pequena questão burguesa - os problemas de relacionamento de um casal - amplificada pela concha acústica que é a história da arte europeia. Uma obra depende de seu contexto: entre os muros da Itália, as pequenezas da vida a dois se tornam material de um drama maior.
James Miller precisa voltar para a Inglaterra, mas antes aceita de Elle (Juliette Binoche), uma francesa dona de galeria que há anos vive na Itália com seu filho, um convite para passear pelas ruazinhas da comuna de Lucignano. Passando por um café, os dois são confundidos como marido e mulher, e por brincadeira passam a encenar esses papéis. O momento dessa virada é essencial: James e Elle por uma viela antes deserta, mas que de repente se enche de varais e mulheres e barulhos de bebês. É como se atravessassem um portal para o neorrealismo.
Kiarostami diz que cada um deve interpretar a obra como quiser, mas é inegável que duas obsessões de sua cinematografia iraniana seguem preservadas aqui: as mulheres e o tempo. Em filmes como Gosto de Cereja (1997), a obra que transformou Kiarostami em grife e o cinema iraniano em moda, percebe-se mesmo no mais seco monte de terra o acúmulo do tempo. O tempo, inscrito na paisagem, é que molda os homens. Mas com as mulheres é diferente. Elas vivem no Irã em uma espécie de estado de suspensão, numa semiclandestinidade, e sobre elas o tempo não parece agir. É uma condição trágica, no fundo, e Kiarostami tem passado anos fazendo filmes com close-ups de mulheres para tentar socorrê-las.
Na Europa de Viagem à Itália e de Cópia Fiel, o secularismo permite um acúmulo do tempo distinto do iraniano. É o tempo, por exemplo, que cerca James à esquerda e à direita na cena da foto com a noiva. Lucignano surge constantemente em espelhos, janelas, romanceada por velas, por não dá pra negar a História. Mas enquanto James Miller filosofa contra o "eterno" da arte, contra a mistificação, porque afinal logo retornará para a Inglaterra, a francesa Elle está sofrendo no rosto o peso dos anos mal vividos. Fora do Irã, é sobre as mulheres que age o tempo de Kiarostami.
E se o diretor apega-se ao close-up de Juliette Binoche, que nunca esteve tão bonita e tão vulnerável, é para entender por que tanto sorri essa sua Mona Lisa.

Fonte: http://omelete.uol.com.br/cinema/critica-copia-fiel/





domingo, 1 de abril de 2012

BIUTIFUL SERÁ EXIBIDO DIA 02/04 20HS NO CENTRO DE CULTURA


SINOPSE
Javier Bardem é Uxbal, um herói trágico, pai de dois filhos, e à beira da morte. Ele luta contra uma realidade distorcida e um destino que trabalha contra ele, o impedindo de perdoar e amar. Está frente a frente com um mundo desestruturado e numa espiral decadente de degradação, mas tenta a todo custo manter a dignidade. Paralelamente, a história mostra a complexa situação dos imigrantes na Espanha.
FICHA TÉCNICA
Diretor: Alejandro González Iñárritu
Elenco: Javier Bardem, Blanca Portillo, Maricel Álvarez, Rubén Ochandiano
Produção: Fernando Bovaira, Alejandro González Iñarritu, Jon Kilik
Roteiro: Alejandro González Iñárritu, Armando Bo, Nicolás Giacobone
Fotografia: Rodrigo Prieto
Trilha Sonora: Gustavo Santaolalla
Duração: 147 min.
Ano: 2010
País: EUA
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: Focus Features / Mod Producciones / Focus Features / Televisión Española (TVE) / Televisió de Catalunya (TV3) / Ikiru Films / Menageatroz
Classificação: 16 anos

CRÍTICA (Heitor Augusto, cineclick)

Alejandro González Iñárritu abandonou as múltiplas histórias entrecortadas e montagem frenética de Babel e Amores Brutos para se dedicar a apenas um personagem. O resultado é Biutiful, no qual o cineasta mexicano mergulha na dor de um pai quase como um processo terapêutico. Um filme propositalmente nauseante e desconfortável.
Se não é superinventivo, Biutiful não deixa de ser sincero. Como realizador, Iñárritu se expõe imensamente e chama um grande ator a fazer o mesmo: Javier Bardem, cujos grandes papéis são os quais ele se apropria da vida de seu personagem e embarca em sua essência, transcendendo a impressão de ser um ator vivendo outra vida para materializar uma pessoa na tela. Bardem incorpora a destruição de Uxbal, quarentão que vive de agenciar imigrantes chineses, além de ser pai de dois filhos pequenos e precisar prepará-los para a morte que se aproxima.
É muito curioso ver como a mesma história, dependendo do cineasta, pode ser contada de três maneiras diferentes. Biutiful concilia o drama de um pai perto da morte com a situação dos imigrantes na Espanha. Já vimos um ótimo filme sobre uma pessoa que prepara os familiares para sua morte, O Grão, cujo ritmo cinematográfico é dilatado; em relação ao tema da imigração, temos um suspense catártico, Olhos Azuis, com ótima atuação de Irandhir Santos.
Mas o que Iñárritu propõe ao embaralhar as duas narrativas é registrar um homem oprimido ou pela força da natureza (morte, se preferirem) ou pelo caldo social. Uxbal não tem escapatória, um herói retirado de uma tragédia. Assim, é mais que bem-vinda a narrativa circular de Biutiful. 
Uxbal está frente a frente com um mundo desestruturado, coisa que a câmera de Iñárritu não deixa de notar e ressaltar. Tanto o cineasta quanto o fotógrafo Rodrigo Prieto privilegiam o arco de degradação pela qual passa o protagonista. Uxbal está em queda livre e, mesmo tentando manter a dignidade, Biutiful sabe qual será seu destino e não sonega isso do espectador.
Do lado de fora da casa de Uxbal, está o mundo. Lá a situação é pior ainda, especialmente se você é imigrante em um subemprego qualquer na Europa. Aí, Iñárritu volta a trazer a política para seus filmes, assim como fizera em Babel, a partir de dramas familiares. Mas, sejamos sinceros, nesse novo filme, o que importa mesmo é Uxbal.

Biutiful
 atinge a intensidade pretendida ao sufocar seu personagem. Mesmo sem um roteiro poderoso, Iñárritu tenta consertar quase tudo na câmera. Na maioria das vezes consegue e apresenta um filme deliberadamente desconfortável. Assim como a vida de Uxbal, que de biutiful, como escreve sua filha, não tem nada.