Meus amigos,
nesta segunda-feira, dia 29 de junho, os Amigos do Cinema voltam a fazer sua sessão das 20 horas no Centro de Cultura da Estação Férrea.
Para esta segunda o programa é composto por 6 curta-metragens brasileiros sobre a violência urbana produzidos entre 1998 e 2005, conforme sinopses e crítica abaixo.
Um abraço
Caco Baptista
A violência cotidiana, uma das maiores mazelas da sociedade brasileira, não podia ficar fora da mira dos nossos cineastas. E essa seleção de seis curtas-metragens sobre o tema mostra que ela está presente tanto nos grandes centros - caso dos cariocas Rota de colisão (Roberval Duarte) e Bala perdida (Victor Lopes), e dos paulistas O trabalho dos homens (Fernando Bonassi) e Balaio (Luiz Montes) - como em outras regiões do país, exemplificadas por João Pessoa (O cão sedento, de Bruno de Sales) e Cuiabá (Baseado em fatos reais, de Bruno Bini).
Filmes do Programa:
Bala Perdida - Victor Lopes , RJ, 2004
Balaio - Luiz Montes , SP, 2004
Baseado em Fatos Reais - Bruno Bini , MT, 2001
O Cão Sedento - Bruno de Sales , PB, 2005
O Trabalho dos Homens - Fernando Bonassi , SP, 1998
Rota de Colisão - Roberval Duarte , RJ, 1999
Tempo total aproximado do programa: 73 minutos.
Crítica
BANG-BANG NAS METRÓPOLES BRASILEIRAS
João Carlos Sampaio
Histórias que transportam para a ficção as ocorrências policiais dos grandes centros urbanos do país inspiram os seis curtas-metragens desta seleção, que reúne obras rodadas entre 1998 e 2005.
Dois atiradores de elite se posicionam no terraço de um prédio em São Paulo, aguardando a ordem para executar um seqüestrador. Enquanto esperam o momento de agir, conversas sobre comida e amenidades cotidianas povoam os diálogos de O trabalho dos homens (1998), de Fernando Bonassi. Ele trabalha o acessório como principal, tanto que a violenta ação em curso é vista à distância, numa inversão interessante do foco narrativo.
O curta carioca Rota de colisão (1999) trata do roubo de pedras preciosas, a partir do envolvimento de três personagens. Um operário em sua hora de folga, um garoto aficionado por jogo de gudes e um ladrão em fuga vão se encontrar na trama criada por Roberval Duarte. Ele filma em preto e branco, experimentando texturas. Com uma dramaturgia ultra-realista, não usa diálogos e brinca com as muitas variáveis para a solução da história.
Inspirado em conto do escritor Marçal Aquino, Balaio (2004) apresenta um tenso encontro no bar, que envolve matadores, bandidos e policiais. A ambientação lembra os filmes de faroeste, só que a terra-sem-lei dessa fita é o subúrbio paulistano, em pleno século 21. O diretor Luiz Montes divide a tela em vários quadros para sublinhar as ações simultâneas. O recurso aumenta a tensão da montagem e dá ênfase aos mínimos gestos dos personagens.
Uma locução radiofônica abre a narrativa de O cão sedento, curta paraibano assinado por Bruno de Sales, sobre um assassino em série, que rouba e mata sem deixar vestígios. Trabalha com elementos de suspense, revelando apenas ao espectador os subterfúgios do criminoso, enquanto a polícia e os outros personagens mostrados na trama continuam em busca de respostas. Destaque para o uso de intervenções gráficas, com desenhos que imitam histórias em quadrinhos.
Um exercício de montagem interliga os acontecimentos paralelos de Bala perdida (2004), cuja intersecção mais marcante se dá com a presença sonora de estampidos de tiros e de uma buzina de carro. A ação mostra a tranqüilidade numa praça carioca interrompida por disparos capazes de atingir alvos inocentes. A direção é de Victor Lopes, que levanta o tema sobre a crescente sensação de insegurança nas metrópoles.
Sexo, drogas, rock'n'roll e carros em velocidade preenchem o universo adolescente de Baseado em fatos reais (2001), curta matogrossense dirigido por Bruno Bini, que fecha este painel sobre a violência urbana. A fita recorre a clichês das tramas policiais para contar a história de três rapazes de classe média, cujas vidas são alteradas depois de uma noite de excessos. O filme discute a natureza moral do crime, dando à luz reflexões morais e uma crítica social à impunidade.
*João Carlos Sampaio, 37 anos é jornalista e crítico de cinema. Escreve para veículos impressos e atua também como comentarista em programas de rádio e TV.
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