sexta-feira, 12 de junho de 2009

Os Esquecidos, de Buñuel. Nesta segunda, 20 horas, na Estação.

Nesta segunda-feira, dia 15 de junho vamos projetar Os Esquecidos, de Luis Buñuel. Como todas as segundas, a sessão inicía às 20 horas, na Estação Férrea, e será segiuida de debate. Depois de termos visto Os Incompreendidos, de Truffaut, na última segunda, continuamos com a temática da vida e das dificuldades dos adolescentes pobres nas grandes cidades da metade do século passado. Estes filmes escancaram a incapacidade daquelas sociedades em lidar com seus adolescentes por meio de instituições como a escola ou os reformatórios. Nossa sociedade, nossa época, parece não conseguir ver as raízes, a historicidade e a amplitude da questão da inserção dos adolescentes na sociedade capitalista de meados do século XX.

Os Esquecidos é uma impressionante obra-prima do mestre espanhol Luis Buñuel (1900-1983), diretor dos memoráveis A Bela da Tarde, O Discreto Charme da Burguesia, O Anjo Exterminador, entre tantos outros.
O filme narra a vida de um grupo de meninos nos bairros pobres da Cidade do México nos anos 50. O adolescente El Jaibo foge do reformatório e volta para uma vida marcada pela miséria e falta de perspectivas. Ao lado de outros garotos, vive de pequenos assaltos até que se envolve num assassinato. O retrato realista do cotidiano dos menores abandonados serviu de inspiração para Hector Babenco realizar o inesquecível Pixote, a Lei do Mais Fraco.

Ficha técnica:
Título: Os Esquecidos (Los Olvidados )
Direção: Luis Buñuel
País de origem: México
Ano: 1950
Audio original: Espanhol
Trilha Sonora: Rodolfo Halffter, Gustavo Pittaluga
Duração: 77 minutos - Faixa etária: a partir de 14 anos - P&B
Elenco: Alfonso Mejía, Estela Inda, Miguel Inclán, Roberto Cobo, Alma Delia Fuentes, Francisco Jambrina, Jesús Navarro, Efraín Arauz, Sergio Villarreal, Jorge Pérez

Comentários:

Os Esquecidos
(Los Olvidados, 1950 - MEX)
Hector Babenco bebeu dessa fonte para realizar Pixote, bebeu não, embriagou-se, disso tenho certeza. Tamanha a proximidade das duas obras, excluindo-se o grande hiato temporal entre elas. O clássico de Luis Buñuel é menos urgente, e a violência cruel de sua época soa hoje como cócegas perto da infinidade de atrocidades que estamos acostumados a presenciar. Por outro lado aproxima-se bastante do que mais tarde Truffaut faria em Os Incompreendidos, aquela perda da inocência, a troca da ingenuidade pela necessidade extrema de sobrevivência num mundo que teima em tratá-los como subumanos, os esquecidos.
Um bando de garotos comete pequenos delitos na Cidade do México, Jaibo, o mais velho do bando conseguiu escapar do reformatório e volta a liderá-los. A história acompanha principalmente Jaibo e Pedro (um dos mais jovens que sofre com uma forte rejeição materna, a mãe não sabe como lidar com esse momento efervescente do filho e prefere rejeitá-lo). Pedro até tenta ajustar-se, arrumar emprego, mas a presença de Jaibo é crucial para que a sociedade o condene. Um assassinato muda de vez a vida desses garotos.
Os Esquecidos talvez seja o primeiro grande filme sobre esses delinqüentes de rua, sobre essa geração de garotos acostumados com a violência no seu percalço. Os garotos extrapolaram a violência pueril das brincadeiras entre os amigos para transformá-la numa forma de ganha-pão, ilícito, mas que lhes rendia uns trocados. Descobriram muito mais que um caminho sem volta. Buñuel impressiona pelo dinamismo que oferece aos seus personagens e na imparcialidade com que trata seus dramas, de tão realista quase transforma em documentário aqueles que seriam os tios de Pixote. Como o mundo não enxerga que meio-século se passou e a situação apenas se agrava?

Michel Simões on abril 13, 2006 8:44 AM
http://www.verbeat.org/blogs/michelsimoes/2006/04/os_esquecidos.html


Os Esquecidos
Tido como a verdadeira retomada de Luis Buñuel no universo do cinema, depois de um hiato de praticamente 20 anos, Os Esquecidos é prova de seu inconformismo com a sociedade, o que inclui até ele mesmo. O surrealismo que o marcou em início de carreira desaparece completamente para dar lugar a uma crítica social incisiva e contundente, numa crônica suburbana com personagens riquíssimos em sua aparente simplicidade. O centro do drama é o menino Pedro (Alfonso Mejía), um desgarrado que vive se metendo em encrencas com os amigos, em particular o delinqüente Jaibo (Roberto Cobo). Há esperança para esses garotos sem perspectiva? Sim, há, mas quem mais deveria fornecê-la está calejado por uma realidade cruel demais para fazê-lo.
O longa é sessão obrigatória para quem deseja conhecer a fundo o cinema de crítica social. Além disso, tal qual Bergman na Europa, filmes como este fazem parte de um grupo restrito: o dos trabalhos que transcendem o formato e alcançam o status de pura arte.
http://www.kollision.biz/movies/mov_files/mov_olvidados.htm

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