Filme sobre o pintor italiano de autoria do polêmico diretor britânico é atração na Associação Amigos do Cinema na terça-feira.
Pioneiro do cinema independente britânico que tinha “ojeriza” de filmes para as massas, o polêmico Derek Jarman, falecido em 1994 de Aids, era fascinado pelo pintor italiano Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610) e, na ausência de bibliografia sobre o artista, decidiu investigar sozinho sua trajetória, o que resultou na cinebiografia Caravaggio (1986) - que a Associação Amigos do Cinema exibe em DVD nesta-terça, 9, no auditório do SindiBancários (Rua 7 de Setembro, nº 489, em Santa Cruz), com entrada gratuita.
É uma obra arrebatadora e controversa, filmada com baixo orçamento num armazém em Londres. Nela, Jarman recria livremente e com elementos autobiográficos a vida de Caravaggio, gênio da pintura barroca que usava camponeses e populares como modelos para suas telas e deu realismo à arte sacra.
A cena inicial mostra Caravaggio (Nigel Terry) deitado em seu leito de morte, delirando de febre sob os cuidados de um jovem empregado, que pode ser seu amante.
Na sequência, flashbacks repassam a vida do artista: as primeiras pinceladas, a amizade com um cardeal, o triângulo amoroso com o amigo Ranuccio (Sean Bean) e a prostituta Lena (Tilda Swinton), a realização de telas consideradas blasfemas por alguns líderes da Igreja Católica até sua morte, aos 39 anos.
O Caravaggio de Jarman, cuja mise-em-scène assemelha-se a do francês Robert Bresson, é um prato cheio para os apreciadores de arte. E foi definido pelo crítico de cinema Colin MacCabe como “um dos poucos filmes biográficos sobre um artista que realmente mostra aquilo que está na ponta de seu pincel”.
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