domingo, 13 de dezembro de 2009

Ultima sessão 2009

Caros Amigos
Estaremos exibindo nesta segunda-feira, dia 14 de dezembro, o filme Um truque de luz, do diretor alemão Wim Wenders. Segue mais informações abaixo.
Retomaremos a nossa programação a partir de março. Um feliz 2010 à todos!
Abraço,

Diretoria Associação dos Amigos do Cinema

Um Truque de Luz
(Die Gebrüder Skladanowsky)

Essa é a história de Gertrud, a menina que foi testemunha do nascimento do cinema, já que era filha de um dos irmãos Skladanowsky, inventores do bioscópio, a primeira versão do projetor de filmes. Com bom-humor e paixão, Wim Wenders resgata de forma carinhosa as muitas experiências com as imagens de Max e Emil, que se dedicaram de corpo e alma àquela forma de arte até então desconhecida.

Elenco: Lucie Hurtgen-Skladanowsky Nadine Buettner Udo Kier George Inci
Diretor: Wim Wenders
Duração: 79 min
Gêneros: Drama

domingo, 6 de dezembro de 2009

Sessão de 07 de dezembro de 2009


Na sessao exibiremos o drama frances Betty Blue. Segue mais detalhes do filme abaixo:

sinopse:
No sul da França, Zorg (Jean-Hughes Anglade) trabalha como zelador e dá manutenção para 500 bangalôs, além de tomar conta deles. Ele leva uma vida quieta e calma, escrevendo no tempo de folga. Um dia Betty (Béatrice Dalle) entra em sua vida. Ela é uma mulher jovem e bela, mas também dona de um temperamento imprevisível e instável. Após uma briga com o chefe de Zorg, ela põe fogo no bangalô onde moram. Betty e Zorg rumam para Paris, onde decidem começar um vida nova. Lá ambos vão trabalhar como garçons no restaurante de Eddy (Gérard Darmon), um amigo. Betty, que viu um manuscrito de Zorg, crê que ele seja um grande escritor e não aceita que ele sirva mesas ou faça biscates. Assim datilografa o texto e manda para todos os editores da cidade, mas vários recusam dizendo que aquilo é um lixo, o que deixa Betty inconformada. Quando morre a mãe de Eddy, que morava a 900 quilômetros de Paris, Betty, Zorg e Lisa (Consuelo De Havilland), a namorada de Zorg, também vão ao enterro. Após o funeral Eddy propõe, que Zorg e Betty fiquem no lugar, tomando conta de uma loja de pianos da sua falecida mãe. Os dois aceitam prontamente, pois adoram o lugar, mas nem tudo sai como o esperado em razão do temperamento difícil de Betty estar saindo do controle.

Ficha técnica:

* título original:Betty Blue
* gênero:Drama
* duração:01 hs 56 min
* ano de lançamento:1986
* site oficial:
* estúdio:Cargo Films / Constallation
* distribuidora:Gaumont / Flashstar Home Video
* direção: Jean-Jacques Beineix
* roteiro:Jean-Jacques Beineix, baseado em livro de Philippe Djian
* produção:Jean-Jacques Beineix e Claudie Ossard

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

No dia 19 de dezembro, comemoraremos os 160 anos de imigração alemã. Estamos organizando uma programação nesta semana com várias atividades e sugiro a apresentação de um filme alemão na sessão da segunda dia 14. Peço que sugiram títulos. Eu e o Daniel conversamos e eu sugeri o filme "Um truque de luz" do Wenders que fala da invenção deo cinematógrafo. Obrigado

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sessão dia 30 de Novembro de 2009



Em nossa tradicional sessão, hoje (30/11/09)exibiremos o drama francês "Uma amizade sem fronteiras" (França, 2003).

Aguardamos todos!

Diretoria Associação dos Amigos do Cinema

Sinopse: Durante o início da década de 60, Paris, como a maior parte da Europa, era uma explosão de vida. Conforme o velho dava lugar ao novo, tudo estava fluindo na cidade, cheia de energia que prometia mudanças culturais e sociaia. Com esse cenário, em uma vizinhança de trabalhadores, dois personagens distintos - um jovem judeu e um mulçumano idoso - começam uma amizade. Quando encontramos Momo (Pierre Boulanger) ele é um orfão de onze anos embora viva com seu pai, um homem lentamente se deteriorando em uma depressão. Seus únicos amigos são as prostitutas que o tratam com afeição genuína. Momo faz suas compras em uma loja da vizinhança, um lugar escuro e lotado administrado por Ibrahim (Omar Sharif), um homem exótico que vê e sabe mais do que deixa transparecer. Depois que Momo é abandonado por seu pai, Ibrahim se torna o único adulto na vida de Momo. Juntos começam uma jornada que irá mudar suas vidas para sempre.

FICHA TÉCNICA

* título original:Monsieur Ibrahim et les Fleurs du Coran
* gênero:Drama
* duração:01 hs 35 min
* ano de lançamento:2003
* site oficial:http://www.sonyclassics.com/ibrahim/
* estúdio:France 3 Cinéma / ARP Sélection
* distribuidora:Sony Pictures Classics
* direção: François Dupeyron
* roteiro:François Dupeyron, baseado em livro de Eric-Emmanuel Schmitt
* produção:Laurent Pétin e Michèle Pétin
* música:
* fotografia:Rémy Chevin
* direção de arte:
* figurino:Catherine Bouchard
* edição:Dominique Faysse

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Caros amigos. Repasso material da Mostra de Cinema Cubano do Cine-Bancarios.

http://diariogauche.blogspot.com/2009/09/o-olho-da-revolucao.html

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Dois documentários nesta segunda

Caros Amigos do Cinema,
nesta segunda-feira dia 21/09 a Associação dos Amigos do Cinema estará exibindo dois documentários ao mesmo tempo em dois locais diferentes. Em nossa tradicional sessão das 20 horas na Estação Férrea vamos exibir o documentário canadense As origens da agressão, numa promoção conjunta com a Secretaria Municipal de Saúde dando início à semana de Prevenção à Violência em nossa cidade.
E no Cine Santa Cruz, numa parceria com os cursos de Relações Internacionais e de Ciências Sociais da Unisc, será exibido, a partir das 19h30 min, o documentário francês Globalização: diálogo ou violência.

Ambos os filmes serão seguidos de debates. As origens da agressão terá como debatedores o sociólogo Caco Baptista e o neuropediatra Cristiano Freire. E Globalização: violência ou diálogo terá como debatedores o sociólogo Valter Freitas e o economista Heron Begnis.
Ambas as sessões são abertas ao público e gratuitas (no Cine Santa Cruz será cobrado ingresso de R$ 5,00 para os não-associados).

Mais detalhes sobre na postagem abaixo.

Sessão de 21 de setembro no Centro de Cultura da Estação Férrea: As Origens da Agressão

Em uma ação conjunta com o Comitê de Prevenção à Violência de Santa Cruz do Sul, os Amigos do Cinema farão uma sessão especial do documentário canadense As Origens da Agressão. A sessão será seguida de debate com o sociólogo Caco Baptista e o neuropediatra Cristiano Freire e marca o início das atividades da semana de prevenção à violência em Santa Cruz.

Sinopse
O filme documentário “As origens da agressão” apresenta as origens da agressividade humana a partir de um estudo realizado pelo Centro de Excelência para o Desenvolvimento da Primeira Infância, da Universidade de Montreal, no Canadá, e levanta o seguinte questionamento: “Será que os gestos de agressão física começam mesmo na adolescência?”. O coordenador do grupo que realizou o estudo, professor Richard Trembley, investiga, a mais de vinte anos, o desenvolvimento de milhares de crianças e adolescentes. Tendo em vista os repetidos insucessos no trabalho de reabilitação de criminosos perigosos que desenvolvia com adolescentes e adultos ele decidiu entender o desenvolvimento do comportamento violento a partir dos primeiros anos de vida . Outros importantes pesquisadores e estudiosos participam do documentário, que foi traduzido para o português pelo Conass – Conselho Nacional de Secretários de Saúde e apresenta uma surpreendente carreira internacional, já tendo sido exibido nas emissoras públicas de televisão de países como Suécia, Itália, Estados Unidos, França e Israel, além de ter sido adquirido por numerosas universidade em todo o mundo.
É a agressividade humana um comportamento inato ou um resultado da educação? Dedicando um olhar atento sobre as agressões das crianças e a evolução de seu comportamento para o auto-controle e a cooperação, este filme coloca luzes sobre a questão e nos oferece uma ampla visão das principais descobertas científicas sobre o tema através de entrevistas com pesquisadores de diversas áreas (incluindo um ganhador do prêmio Nobel). Com imagens surpreendentes de crianças extravasando seus impulsos agressivos, este documentário fascinante examina os complexos fatores que afetam a socialização do comportamento agressivo entre os humanos, abordando os componentes biológicos, ambientais e psicológicos da agressividade e oferecendo orientações para a prevenção da violência humana.

Ficha
Título: Aux origines de l'agression : la violence de l'agneau
Direção: Jean-Pierre Maher
Produção: Jean Gervais, Ph. D. e Richard E. Tremblay, Ph. D.
País: Canadá
Duração: 50 min 24 s
Ano: 2005
Idioma: francês (com legendas em português)

domingo, 13 de setembro de 2009

Sessão 14 de setembro de 2009

Caros amigos
Nesta segunda feira dia 14/09 estaremos exibindo o drama frances O Corte, de Costa-Gavras. Aguardamos por todos. Saudacoes,


Sinopse
Após quinze anos de leais serviços como executivos de uma fábrica de papel, Bruno D. é despedido com centenas dos seus colegas devido a corte de despesas.Três anos se passam sem que ele encontre um novo emprego. Agora ele está disposto a tudo para conseguir um novo posto, inclusive a partir para a ofensiva...

Informações Técnicas
Título no Brasil: O Corte
Título Original: Le Couperet
País de Origem: Bélgica / França / Espanha
Gênero: Drama
Classificação etária: 14 anos
Tempo de Duração: 122 minutos
Ano de Lançamento: 2005
Site Oficial:
Estúdio/Distrib.: Pandora Filmes
Direção:



O Corte
(Couperet, Le, 2005)

Por Ary Monteiro Jr.
05/06/2006
Costa-Gavras arrisca uma comédia mas não larga os temas políticos, o desemprego e exclusão levando um cidadão ao limite.

O cineasta Costa-Gavras é conhecido por filmes políticos como Desaparecido ("Missing" de 1982, que recebeu indicações ao Oscar incluindo melhor filme e levou o de roteiro adaptado) e o recente Amém, que lidava com a omissão da igreja ao Holocausto. Em O Corte, ele lida com a questão do capitalismo, ganância corporativa e do desemprego, mas utilizando a melhor forma de crítica, a comédia. Mais precisamente o humor-negro.

Bruno Davert, um executivo da indústria de papéis, está a dois anos sem conseguir emprego e ao ver suas economias chegarem ao fim sente que seu estilo de vida está ameaçado. Isso acaba fazendo com que Bruno enlouqueça e comece a traçar um mirabolante plano para recuperar seu emprego: assassinar o homem que ficou no seu lugar e todos os possíveis concorrentes. Qualquer semelhança com a recente situação da brasileira que mandou matar sua concorrente ao emprego é mera coincidência, mas acaba por trazer a história, por mais absurda que seja, mais próxima de nós. O filme alterna as incursões criminosas de nosso anti-herói com uma outra empreitada igualmente complicada, que é manter sua família na ignorância e unida apesar da crise.

As investidas do desajeitado serial killer rendem risadas e é notável como Gavras sustenta o humor e o suspense após tantos anos de filmes densos e sérios, aqui ele se diverte, inclusive brincando com clichês de filmes americanos como o noticiário de televisão que sempre fala sobre o assunto do filme na hora que os personagens principais estão vendo, ou ao exagerado product placement que pontua o filme inteiro mas você nunca sabe exatamente que produto é. Dividindo boa parte dos méritos está a ótima atuação de José Garcia, que com sua aparência mediocre e ótimo timing consegue convencer a platéia como cidadão comum levado às últimas consequências, mesmo que a verossimilhança de alguns acontecimentos seja duvidosa. Acho que todo mundo que já esteve desempregado por um longo período vai se identificar com o drama e (espero) rir com Bruno.

O Corte só peca por se estender mais do que o necessário, o filme se beneficiaria de uns bons 20 ou até 30 minutos menos. Felizmente ele consegue prender a atenção e ainda tecer um ácido comentário sobre o nosso tempo, onde o homem vale apenas pelo dinheiro e as coisas que possui. O filme chegou a receber duas indicações ao César, melhor ator para José Garcia e melhor roteiro adaptado.

Por Ary Monteiro Jr.
05/06/2006

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Próxima Sessão: 31 de agosto de 2009

Na próxima sessão apresentaremos a comédia britânica Na mira do chefe.
Seguem informações:

Sinopse: Bruges, a mais bem preservada cidade medieval em toda a Bélgica, é um destino acolhedor para os viajantes de todo o mundo. Mas para os atiradores profissionais Ray e Ken, bem poderia ser o seu último destino: um trabalho difícil resultou no envio do par, seguindo ordens de Harry, o chefe Londrino, mesmo antes do Natal, para a cidade Flamenga durante duas semanas, para arrefecer os ânimos. Completamente deslocados no meio da arquitectura gótica, canais e calçadas, os dois homens limitaram-se a ver os dias decorrer, como simples turistas. Ray, ainda assombrado pelo derramamento de sangue em Londres, odeia o local, enquanto Ken, embora mantendo um olhar paternal nas muitas explorações profanas de Ray, vê o seu espírito e alma expandirem-se com a beleza e serenidade da cidade. Mas quanto mais tempo aguardam a chamada de Harry, mais surrealista se torna a experiência, envolvendo-se em estranhos encontros com a população local, turistas, arte medieval , um actor americano anão que grava um filme de arte Europeu, prostitutas holandesas e um potencial romance para Ray sob a forma de Chloë, que também ela parece ter alguns segredos ocultos. E quando chega finalmente a chamada de Harry, as férias de Ken e Ray transformam-se numa luta de vida e morte de proporções cómicas e consequências surpreendentemente emocionais.



Crítica: Celso Sabadin, Yahoo cinema

Que belíssima estréia! Aos 38 anos, o inglês Martin McDonagh escreve e dirige o seu primeiro longa-metragem demonstrando um raro talento: equilibrar com harmonia o drama e a comédia. Delicioso, Na Mira do Chefe começa mostrando os matadores profissionais Ray (Colin Farrell) e Ken (Brendan Gleeson) fugindo para a belíssima cidade belga de Bruges. Ambos precisam ficar por ali à espera de um telefonema do patrão, que passará novas instruções aos assassinos. Enquanto isso, a dupla não consegue se entender: Ken se delicia com o valor histórico e a arquitetura gótica de Bruges, mas Ray só se interessa mesmo por cerveja e mulheres. Na Mira do Chefe é cheio de surpresas. Todas elas muito boas. Melhor ainda que a inteligente construção do roteiro é a precisão e o ritmo dos diálogos – extremamente cínicos e divertidos – a maioria deles otimamente interpretada por um eficientíssimo Colin Farrell. Usando o submundo do crime como pano de fundo, Na Mira do Chefe se apóia no humor sarcástico e em situações inesperadas para abordar temas como culpa, honra, amizade, fidelidade e ética. De quebra, deixa bem clara a bronca que o europeu tem contra os EUA e seus habitantes. Além de uma cena hilariante e politicamente incorreta contra uma família de obesos norte-americanos, o filme destila algumas preciosidades cínicas como esta: - Você é americano? - Sim, mas não use isso contra mim. - Vou tentar. Há também uma série de trocadilhos e mal-entendidos provocados por diferentes sotaques que são intraduzíveis para o português. Na Mira do Chefe une com maestria criminalidade, drama e humor, mas sem cair na (também muito boa) fórmula gráfica desenvolvida por Guy Ritchie em Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e similares. O filme tampouco segue a linha Tarantinesca de estilização gratuita da violência. Sua força está nas palavras e nas interpretações, ainda que não descuide em nenhum momento do belo visual, amparado pela beleza plástica da cidade onde foi totalmente rodado. É um legítimo representante do saboroso e mundialmente conhecido humor britânico, que andava meio esquecido nos cinemas. Com sórdidas pitadas de humor negro. Ah, e alguém contou: em 107 minutos de filme, a palavra fuck e suas variações são pronunciadas 126 vezes.



Premiações
- Recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original.

- Ganhou o Globo de Ouro de Melhor Ator - Comédia/Musical (Colin Farrell), além de ter sido indicado nas categorias de Melhor Filme - Comédia/Musical e Melhor Ator - Comédia/Musical (Brendan Gleeson).

- Ganhou o BAFTA de Melhor Roteiro Original, além de ter sido indicado nas categorias de Melhor Filme Britânico, Melhor Ator Coadjuvante (Brendan Gleeson) e Melhor Edição.


Curiosidades
- A palavra "fuck" e seus derivados são citados 126 vezes ao longo do filme, uma média de 1,18 por minuto.

- As filmagens ocorreram entre 2 de fevereiro e 28 de março de 2007.

- Para criar um clima natalino várias ruas de Bruges foram enfeitadas no final de março. Na época a prefeitura divulgou um comunicado oficial, explicando aos cidadãos o porquê dos enfeites.

- Exibido na mostra Foco Reino Unido, no Festival do Rio 2008
Ficha Técnica
Título Original: In Bruges
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 107 minutos
Ano de Lançamento (Inglaterra / Bélgica): 2008
Site Oficial: www.inbruges.co.uk
Estúdio: Focus Features / Film4 / Blueprint Pictures / Scion Films
Distribuição: Focus Features / Paris Filmes
Direção: Martin McDonagh
Roteiro: Martin McDonagh
Produção: Graham Broadbent e Peter Czernin
Música: Carter Burwell
Fotografia: Eigil Bryld
Desenho de Produção: Michael Carlin
Direção de Arte: Chris Lowe
Figurino: Jany Temime
Edição: Jon Gregory
Elenco
Colin Farrell (Ray)
Brendan Gleeson (Ken)
Ralph Fiennes (Harry Waters)
Clémense Poésy (Chloë)
Jérémie Renier (Eirik)
Thekla Reuten (Marie)
Jordan Prentice (Jimmy)
Elizabeth Berrington (Natalie)
Eric Godon (Yuri)
Sachi Kimura (Imamoto)
Anna Madeley (Denise)
Ciarán Hinds (Padre

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A Morte (La commare secca), de Bernardo Bertolucci. Nesta segunda (17/08), às 20 horas na Estação

A Morte (La Commare Seca), de Bernardo Bertolucci (Itália, 1962)

Sinopse: Inédito no Brasil, A Morte (La Commare Secca) é o primeiro filme do diretor Bernardo Bertolucci. Na periferia de Roma, é encontrado o corpo de uma jovem prostituta brutalmente assassinada. A polícia interroga uma série de suspeitos. No estilo de Rashomon, de Akira Kurosawa, conhecemos as diferentes versões de cada um deles por meio de flashbacks. Quem está contando a verdade? Com roteiro de Pier Paolo Pasolini, Bertolucci constrói um filme fascinante sobre a natureza da verdade e o processo da memória.

Ficha
Direção: Bernardo Bertolucci
Roteiro: Pier Paolo Pasolini
Ano: 1962
País: Itália
Gênero: Drama, Suspense
Duração: 93 min. / p&b
Título Original: La Commare Secca

Elenco:
Gabriella Giorgetti, Giancarlo de Rosa, Vincenzo Ciccora, Alvaro D'Ercole, Romano Labate, Carlotta Barilli, Lorenza Benedetti, Clorinda Celani, Silvio Laurenzi

Detalhes Artísticos
Gêneros: Drama
Temas: Investigações De Assassinato


Crítica
Prosa com poesia, poesia em prosa

Quando rodou o primeiro plano de seu primeiro longa-metragem, Bernardo Bertolucci tinha 21 anos de idade e um livro de poemas publicado. Em set de filmagem, também tivera experiência única, ainda que marcante, como assistente de direção de Acattone – Desajuste Social (1961), de Píer Paolo Pasolini, cineasta então estreante, que se tornou teórico de um “cinema de poesia”. Pois, na entrevista veiculada no DVD de A Morte (La Commare Seca , 1962), Bertolucci lembra da ambição de escrever poesia com sua câmera. Objetivo esse que, segundo sua “fala”, era fruto da inexperiência da ocasião, mas, que no começo dos anos 60 (algo ignorado por ele na edição), foi um dos desafios das experimentações modernas – atualizando uma busca do poético, empreendida, sobretudo nos anos 20, por expressões vinculadas às vanguardas européias.
É evidente nessa primeira obra as marcas de uma poesia visual escrita com a câmera (como os travellings demonstrativos de autoria e reveladores de uma fome de mise-en-scène), assim como está clara a inserção de momentos como “parênteses” do relato, como áreas de escape da narrativa, que a interrompem para se deter no fluxo elíptico das experiências. Mas esses espaços do poético, em geral salientados pelo exibicionismo de uma caligrafia visual, estão a serviço de uma prosa. Há, como núcleo narrativo, a voz de um investigador interrogando suspeitos do assassinato de uma prostituta. Temos a reivindicação da memória do dia e da noite vividos pelos suspeitos nas horas anteriores ao momento do crime. Temos relatos, enfim, um após o outro. E as imagens desses relatos, da tarde-noite dos suspeitos, sucessivamente até o final. Bertolucci trabalha com a poesia dentro dos planos e com a prosa na estruturação das seqüências. Se opera na simultaneidade das ações em um mesmo espaço (a cidade de Roma durante a tarde, o parque Paolino durante a noite), o tempo avança em elipses dentro de uma ordem cronológica em cada bloco, cada um deles composto do mesmo período de horas na vida dos suspeitos. Há linearidade na sucessão dos depoimentos e dentro dos próprios depoimentos.
O que os conecta, além do parque à noite, para onde todos convergem, é uma tempestade. Ao ouvirmos o som de um trovão, em mais de uma oportunidade, vemos um corte para uma janela. Do lado de fora, chuva. De dentro, uma mulher que, depois de aparecer em um primeiro momento acordando, reaparece depois se preparando para a noite. É a prostituta que, após a primeira seqüência, com o corpo estendido ao lado do rio, surge de novo no quarto e, em alguns momentos, entra no campo de visão dos suspeitos no parque. Como os suspeitos também, eventualmente, cruzam uns com os outros, ou pelo menos vêem uns aos outros em suas passagens pelo parque à noite, cria-se uma espécie de “coral”, com uma estrutura que, nos últimos anos, tornou-se moda: uma narrativa abarcando outras, com cada uma delas, em seu transcorrer, fazendo esquinas e intersecções com as demais, com protagonistas de uma história sendo figurantes em outras.
No entanto, em 1962, já havia Rashomon, de Akira Kurosawa, com seu desdobramentos de versões e pontos de vistas sobre um mesmo personagem, de modo a se questionar a verdade em primeiro plano, mas a imagem como verdade em um segundo momento. Se há verdade é móvel, mutante, fluida, movediça, o que resta à imagem, se não reproduzir esse pântano de sentidos? Não podemos esquecer, ainda nesse sentido, dos dois filmes de Alain Resnais (Hiroshima Mon Amour e O Ano Passado em Marienbad), lançados poucos anos antes de La Commare Seca, com um enfoque da memória como labirinto e reinvenção: a memória produz imagens, mas com qual veracidade? Imagens de experiências ou do desejo de experiências?

Bertolucci garante na entrevista já mencionada que não havia assistido Rashomon antes de fazer La Cammare Seca. Não importa. O importante, em uma possível conexão entre os dois filmes, é que, em relação à imagem, Bertolucci preserva seu sentido de documento de verdade. Há um crime, um interrogatório (só com a voz do interrogador), suspeitos e uma punição ao final. Mais importante: chega-se à solução por conta de um “olhar”, de um observador, um homem sem câmera, porém com os olhos abertos, testemunha da violência de seu mundo. Ele viu o crime. Viu uma imagem. E tê-la visto é suficiente para a polícia usar sua visão como prova inconteste. Assim como a descrição da lembrança é prova em si mesma da inocência ou não dos suspeitos. É preciso lembrar em detalhes, ter muitas imagens para contar. La Commare Seca é um exercício de precisão ou de ficção da memória, ou ao menos de crença da polícia e do diretor nessa precisão possivelmente ficionalizada. Nesse sentido, há, sem esse propósito, uma resposta a Resnais. Há um resgate da ameaçada natureza da verdade e da imagem como tal, mesmo sendo uma imagem não reproduzida tecnicamente, mas uma imagem impressa no cérebro.
A presença de Pasolini
La Commare Seca era um projeto de Pasolini com o produtor Antonio Cervi. Bertolucci seria apenas um dos roteiristas. Foi orientado pelo produtor, que queria um sucesso similar ao de Acattone, a fazer algo “pasoliniano” – apesar de Pasolini, naquele momento ter realizado apenas um filme. Excessos do culto ao autor. De acordo com Cervi, Bertolucci fracassou. E graças ao fracasso de ser cover de Pasolini foi convidado a dirigir ele mesmo o filme. Segundo afirma Bertolucci nos extras, seu roteiro pouco tinha a ver com Pasolini, exceção feita à ambientação e aos acontecimentos. Enquanto Pasolini fizera Acattone com closes fixos e frontais, buscando uma poesia das pinturas toscanas, buscando algo de sagrado naqueles rostos do povo, Bertolucci diz ter trabalhado constantemente com os travellings, com a câmera circulando pelos espaços. O estilo do filme nasce, portanto, da negação de seu “mestre”.
Mas é inegável a presença de Pasolini. A aparente simplicidade dos acontecimentos vividos pelos personagens na única tarde e na única noite nas quais são acompanhados pela câmera não esconde uma certa busca de algo especial e extraordinário nesses acontecimentos – como se a ida ao parque à noite carregasse para cada um ali um certo ritual de descoberta ou de confirmação de uma vida dura e desfavorável, uma certa pureza obtida pela experiência no andar térreo ou no subsolo da Ítala do pós-guerra, a Itália dos anos 50, que não havia se transformado em um país dos sonhos.
Cada experiência vivida na Roma do início dos anos 60 é uma imagem daquela cidade naquele momento. É a mesma Roma de A Doce Vida, de Federico Fellini, mas uma outra Roma dentro daquela Roma, uma Roma de periferia, de gente miúda, de rapazes tolos de tão arcaicos, de outros malandros e violentos, de seres sexuamente ambíguos, todos manifestando violência ou desconforto. Não se busca aqui o povo como no neo-realismo, explorando a imagem índice de real, mas um povo cuja imagem está em uma proposta estetizante, construtivista, que explicita suas operações. Esse é o lado poesia de Bertolucci, um poeta da escrita que, em sua primeira experiência como diretor, não abre mão de trabalhar na prosa.
Cléber Eduardo http://www.revistacinetica.com.br/commareseca.htm

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Fôlego, de Kim Ki-Duk. Na próxima segunda (10/08), às 20 horas na Estação Férrea.

Fôlego, de Kim Ki-Duk, é o filme dos Amigos do Cinema na próxima segunda (10/08). Como sempre, às 20 horas na Estação Férrea.

Fôlego, de Kim Ki-Duk
Sinopse
Yeon (Park Ji-a) vive uma vida confortável, mas vazia. Seu marido (Ha Jung-Woo) a trata com indiferença. Quando ele confessa sua infidelidade, Yeon decide ir até a prisão para encontrar Jin (Chen Chang), um assassino que está esperando a execução. Mesmo sem conhecer o prisioneiro, Yeon trata-o como um velho amigo. De início ele não se abre, mas logo as coisas mudam. Os dois então começam um estranho e apaixonante relacionamento. Mas não resta muito tempo para Jin encontrar seu destino final, e Yeon não se conforma em despedir-se dele dessa forma.

Ficha Técnica
Título no Brasil: Fôlego
Título Original: Soom / Breath
País de Origem: Coréia do Sul
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 84 minutos
Ano de Lançamento (Coréia do Sul): 2007
Estúdio: Cineclick Asia / Sponge / Kim Ki-Duk Film
Distribuição: Tartan USA
Direção: Kim Ki-Duk
Roteiro: Kim Ki-Duk
Produção: Sung Jong-Moo
Edição: Wang Su-An

Elenco
Chen Chang (Jin Jang)
Ha Jung-Woo (Marido)
Park Ji-a (Yeon)
Kim Ki-Duk



Críticas -

Resenha crítica do filme "Fôlego" por Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema
http://www.cranik.com/filme_folego.html


Fazer algo pelo outro está cada vez mais difícil. Primeiro porque o homem está cada vez mais individualista e segundo por egoísmo mesmo. São tão parcos os recursos que abrir mão em prol do outro está virando atitude rara. Mesmo quando o suposto auxilio nos será benéfico, titubeamos e pensamos duas vezes. Você ajudaria um condenado a morte, sem ao menos saber seus motivos e muito menos os seus?
No filme de Kim Ki-duk (Casa Vazia) uma burguesa entediada com a rotina e com a ausência do marido resolve visitar um presidiário para quem saber assim dar algum sentido para sua tediosa vida. Yeon (Jia Park) começa a visitar Jang (Chang Chen) e suas rotinas são alteradas por tal atitude. De um lado uma mulher que se torna útil para alguém, se vê desejada e esperada. De outro um homem que vê sua vida sendo colorida aos poucos enquanto espera á hora da execução.
Para Ki-duk não há palavras que justifiquem as ações. Não é necessário nomear o feito quando elas vêm carregadas de simbologia e lirismo. Este é o grande trunfo do filme que foi o grande favorito para a Palma de Ouro em Cannes no ano passado. Não levou, mas merecia. É poesia pura.
Mesmo com toda a aridez que o filme registra, desde a casa da protagonista, as ruas e os muros da prisão, a história consegue envolver o espectador com uma sensibilidade rara. Lembro-me de ter sentido isto a última vez quando vi o brasileiro "O Céu de Suely". Sem deixar de ser engraçado e por vezes surreal, o cineasta traça a trajetória de duas pessoas que se cruzam, sem necessariamente pertencerem ao mesmo mundo ou terem que se justificarem por tal diferença.
Num mundo onde cada vez mais somos cobrados a justificar os fins e os meios, e sermos competitivos. Yeon se livra das amarras do seu casamento burguês e machista para tentar assim se salvar da mediocridade. Ela não sabe o que está fazendo, não tem noção dos seus atos, somente age. E tal imprudência faz toda a diferença, pois põe em risco sua família, e faz com que o marido perceba o que está acontecendo e reaja. Quando agimos com este desprendimento de não cometer erros? Quando jogamos tudo para o alto mesmo que isso afete as pessoas que nos rodeia?
"Fôlego" lida com três histórias que se entrelaçam. A história de Yeon e se marido, Yeon e o Jang e Jang e o colega de cela. O amor homossexual é tratado com secura, sem deixar de ser intenso pelo olhar do apaixonado. No isolamento em que se encontram como salvar-se da loucura? Como não perecer de tédio e carência? Amando seu semelhante? Se entregando a uma - outrora - impensável relação homossexual? Não importa. "Fôlego" não julga seus personagens, mesmo quando um deles leva um tapa na cara, é completamente compreensível. Lembrando uma frase do impagável filme "A Professora de Piano": (...) ninguém pode invadir uma pessoa e sair impunemente.
Assim são os personagens de Kim Ki-duk, seres que andam em círculos procurando uma saída para se salvar desta desolação que vai se apropriando dos corações dos homens. Seremos capazes de perdoar e sermos perdoados? Teremos a grandeza que correr atrás do tempo perdido e refazer nossa trajetória com mais dignidade e objetividade? Poderemos enfim encontrar a tão desejada segurança, que infelizmente parece residir no outro?
Não sabemos. Navegamos a espera destas respostas. Ao sair do cinema no final da sessão, fiquei com estas questões me rodeando e me confortando. Se houvesse mais personagens como Yeon no cinema, talvez não fossemos influenciado por tanta estupidez e incoerência e não seriamos tão covardes e imóveis. Agiríamos. Mudaríamos. Renasceríamos.
Não explicito nesta resenha com mais detalhes meus questionamentos, para que você não perca a oportunidade de ser surpreendido, de ser tocado. Em "Fôlego", revelar qualquer detalhe do filme prejudica sua apreciação.
A cena que justifica o nome do filme é de tirar você do encosto da poltrona. É tão improvável e bela que nem sabemos o que pensar, apenas a digerimos num fôlego só, como que estupefatos pelas ações alheias. Inesquecível.



Crítica do filme “Fôlego”por Érika Liporaci, Colunista do Adoro Cinema
http://www.adorocinema.com/filmes/sem-folego-2007/sem-folego-2007.asp

"O coreano Kim Ki-Duk tem um estilo bem particular. Seus personagens são sempre pessoas comuns que, motivadas por sentimentos avassaladores, partem para atitudes nada convencionais. Foi assim como o belo Casa Vazia e o confuso Time. Esse seu novo trabalho talvez seja o mais bem-resolvido de todos, por ter a poesia do primeiro e a ousadia do segundo. Sem Fôlego é de um lirismo e criatividade que encantam, mesmo nas passagens em que a história poderia soar incoerente.
O encontro da jovem desiludida com o assassino (também ele uma pessoa que abandonou todas as esperanças) e a força do sentimento desesperado que nasce entre esses dois condenados é de uma beleza comovente. O modo como Yeon se empenha em tornar os últimos dias de Jin um resumo de tudo que ela poderia lhe oferecer se a vida os tivesse reunido em condições mais favoráveis é algo que traz a salvação dela também, pois encontrou alguém que aprecia e precisa da sua imaginação que até então estava estagnada. Yeon transforma a penitenciária e os poucos minutos de visitação num universo mágico, a ponto de recriar as estações do ano e suas sensações.
É um filme cheio de simbolismo e delicadeza, marcado por uma comunicação mais sensorial do que verbal entre os dois personagens centrais. Também o título é bastante apropriado, já que a respiração está sempre em destaque: ofegante, prazerosa, assustada, enfim, como um termômetro do estado espírito de cada um. E o fôlego - ou a falta dele - é assunto para uma das mais belas cenas que ocorrem entre os personagens."

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O Homem que Virou Suco. Nesta segunda (03/08) às 20h na Estação

Caros amigos, nesta segunda teremos um programa duplo, com um curta e um longa.
Histórias populares do Nordeste estão neste programa composto de dois filmes realizados na mesma época. São as histórias transmitidas oralmente que eventualmente se transformam em literatura de cordel e em canções. A animação pernambucana A saga da Asa Branca ilustra, em estilo de cordel, a célebre toada Asa Branca, de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, gravada pelo rei do baião pela primeira vez em 1947. Também em estilo de cordel, O homem que virou suco é um dos filmes mais contundentes e fascinantes sobre o tema da migração nordestina para São Paulo. Nele, o ator José Dumont desempenha duplo papel, de dois migrantes em que um assassino e um cantador são confundidos. Diversão e reflexão.



* A Saga da Asa Branca
Lula Gonzaga , RJ, 1979
* O Homem que Virou suco
João Batista de Andrade , SP, 1979


Seguem abaixo as sinopses, fichas técnicas e crítica dos filmes.

O Homem que Virou Suco
Sinopse
A história segue Deraldo, um poeta popular nordestino recém chegado a São Paulo, onde tenta sobreviver de sua poesia e folhetos. Confundido com o operário de uma multinacional que mata o patrão, é perseguido pela polícia e perde sua identidade e condição de cidadão. Através de Deraldo, o filme acompanha o caminho do trabalhador migrante numa cidade grande: a construção civil, os serviços domésticos e subempregos sujeitos à violência e à humilhação. E segue a luta de Deraldo para reconquistar sua liberdade e preservar sua identidade.

Ficha de Informações do Filme
Título: O Homem que Virou suco
Duração: 97 min e 0 seg.
Ano: 1979
País: Brasil
Gênero: Ficção
Subgênero: Suspense
Cor: Colorido

Direção: João Batista de Andrade
Roteiro: João Batista de Andrade
Elenco: José Dumont, Célia Maracajá, Ruth Escobar, Denoy de Oliveira, Renato Máster, Ruthnéia de Moraes, Barros Freire, Rafael de Carvalho.
Empresa Co-produtora: RAIZ PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS
Produção Executiva: Assunção Hernandes
Direção de Produção: Wagner Carvalho
Direção Fotografia: Aloysio Raulino
Montagem/Edição: Alain Fresnot
Cenografia: Marisa Rebolo
Figurino: Marisa Rebolo
Técnico de Som Direto: Romeu Quinto
Mixagem: Walter Rogério
Trilha Musical: Vital Farias
Suporte de Captação: 35mm
Som: Sonoro Mono

Classificação Indicativa: 16 anos

Currículo do filme
Prêmios: Medalha de Ouro (Melhor Filme) no Festival Internacional de Moscou (1981); Prêmio Mérito Humanitário da Juventude Soviética de Moscou (1981); Prêmio Especial da Crítica no Festival de Memórias Operárias de Névers, França (1983); Melhor ator no Festival de Brasília para José Dumont (1980) Melhor roteiro, ator principal e ator coadjuvante no IX Festival de Cinema Brasileiro de Gramado (1981); Melhor Ator Festival de Huelva (1983), Prêmio Air France de Cinema (1980); Prêmio Qualidade Brasil Concine (1983); Prêmio São Saruê, concedido pela Federação dos Cineclubes do Rio de Janeiro (1983).

A Saga da Asa Branca
Sinopse
Asa Branca é um pássaro de arribação que voa do sertão quando percebe que a seca vai chegar. O filme é um "semidocumentário" em desenho animado, que retrata o pássaro e o sertanejo com sua mulher (Bernardino e Rosinha), partindo da sua terra com a chegada da estiagem. Com texto e narração de Humberto Teixeira, compositor da música Asa Branca, foi este o único trabalho de Humberto no cinema e também seu último trabalho. Na trilha sonora, o arranjo sinfônico do maestro Guerra Peixe.

Ficha de Informações do Filme
Título: A Saga da Asa Branca
Duração: 7 min
Ano: 1979
País: Brasil
Gênero: Animação
Subgênero: Suspense
Cor: Colorido

Direção: Lula Gonzaga
Roteiro: Silvana Delácio
Elenco: Vozes: Humberto Teixeira
Empresa Co-produtora: A SAGA AUDIOVISUAL
Produção Executiva: Lula Gonzaga
Direção de Produção: Lula Gonzaga
Direção Fotografia: Ronaldo Cânfora - Pan Studio
Direção de Arte: Lula Gonzaga
Trilhas musical: Asa Branca de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, com arranjo sinfônico de Guerra Peixe
Som: Sonoro Mono

Classificação Indicativa: Livre


Crítica
CLÁSSICO E POPULAR
Carlos Alberto Mattos

O Homem que virou suco é exemplo típico - e um dos melhores - de um conjunto de operações que o cinema brasileiro fazia na segunda metade da década de 1970 para estabelecer um diálogo melhor com o público, sem trair as conquistas estéticas do Cinema Novo e do Cinema Marginal.

Para começar, o filme reelabora padrões da narrativa clássica com ingredientes de um cinema popular. Basicamente, é a história do duplo (expressionismo alemão) e do homem errado (policial estadunidense) que se desenrola entre Severino e Deraldo, os dois sósias nordestinos envolvidos num equívoco criminal. O tema igualmente clássico do imigrante é tratado desde o título, e em toda sua extensão, como material de literatura de cordel. Assim o diretor procura fundir seu filme com formas de representação características do povo nordestino.
Naquele período, o cinema brasileiro também experimentava uma crescente simbiose entre práticas do documentário e da ficção, num movimento iniciado por Iracema - Uma transa amazônica, em 1974, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna. Daí a importância da improvisação nos diálogos, de uma relação especialmente livre entre câmera e atores e até de uma certa submissão da técnica às condições do local de filmagem.
Por fim, vemos um diretor que não abre mão de seu passado. É nas seqüências de rua que João Batista de Andrade semeia os ecos de sua militância no cinema marginal paulista anos antes, quando era comum promover-se performances em praça pública para que o filme absorvesse o inesperado da participação popular.
Esta denúncia do esmagamento dos deraldos e severinos, seja pela marginalização, seja pela inserção aviltante, conta com a sensibilidade do diretor para criar uma poética em meio ao drama e à comédia. As cenas da batida policial noturna e da leitura da carta no alojamento dos operários são reveladoras de um olhar humanista que transcende toda urgência e objetividade.
A presença de José Dumont, no filme que o revelou plenamente, extrapola a mera questão cênica. No fundo, é o próprio ator que está na pele de Deraldo, ele que também chegou da Paraíba sem documentos e soube se impor pelas artes do talento. Coisa semelhante se passou com o próprio filme, lançado em 1980 sem maior repercussão e "redescoberto" pelos brasileiros depois de vencer o Festival de Moscou. O suco, portanto, só veio depois da vodka.
O curta que complementa este programa reverbera o tema da imigração a partir de outro ícone da cultura nordestina: a canção Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Uma animação naïf, mas expressiva, reitera o drama da fuga para um sonho impossível.

* Crítico e pesquisador de cinema, autor de livros sobre Walter Lima Jr., Eduardo Coutinho, Carla Camurati, Jorge Bodanzky e Maurice Capovilla. Crítico de O Globo, do site criticos.com.br e autor do DocBlog / Globo Online.

sábado, 25 de julho de 2009

Deus e o diabo na terra do sol. Nesta segunda, às 20h, na Estação

Prezados Amigos do Cinema, nesta segunda, na nossa sessão das 20 horas na Estação Férrea, teremos um clássico do cinema brasileiro e mundial, Deus e o diabo na terra do sol, de Glauber Rocha.

Sinopse
Revoltado contra a exploração de que é vítima por parte do coronel Morais, o vaqueiro Manuel mata-o durante uma briga. Começa então a fuga de Manuel e de sua esposa Rosa, que são perseguidos por jagunços até se integrarem aos seguidores do beato Sebastião, no lugar sagrado de Monte Santo. Ao mesmo tempo, o matador de aluguel Antônio das Mortes, a serviço dos latifundiários e da Igreja Católica, extermina os seguidores do beato, o que faz com que o casal tenha de continuar fugindo e se encontre com Corisco, cangaceiro remanescente do bando de Lampião.

Ficha de Informações do Filme
Título: Deus e o Diabo na Terra do Sol
Duração: 110 min e 0 seg.
Ano: 1964
Cidade: UF(s): BA País: Brasil
Gênero: Ficção
Subgênero: Suspense
Cor: PB
Ficha Técnica
Direção: Glauber Rocha
Roteiro: Glauber Rocha e Walter Lima Jr.
Assistente de Direção: Paulo Gil Soares, Walter Lima Jr.
Elenco: Geraldo Del Rey, Yoná Magalhães, Maurício do Valle, Othon Bastos, Sebastião; Sônia dos Humildes - Dadá;
Empresa(s) Co-produtora(s): Copacabana Filmes
Produção Executiva: Luiz Augusto Mendes
Direção de Produção: Agnaldo Azevedo
Direção Fotografia: Waldemar Lima
Montagem/Edição: Rafael Justo Valverde e Glauber Rocha
Direção de Arte: Paulo Gil Soares
Figurino: Paulo Gil Soares
Técnico de Som Direto: Aluísio Viana, Geraldo José e Rafael Valverde
Edição Som: Rafael Valverde
Mixagem: Rafael Valverde
Trilha: Sérgio Ricardo, Glauber Rocha e Heitor Villa-Lobos.
Dados Técnicos
Som: Sonoro Mono
Classificação Indicativa: 14 anos
Currículo do filme
Prêmios: Prêmio da Crítica Mexicana (Festival Internacional de Acapulco, México, 1964), Grande Prêmio (Festival de Cinema Livre, Itália, 1964), Náiade de Ouro (Festival Internacional de Porreta Terme, Itália, 1964), Troféu Saci (Melhor Ator Coadjuvante: Maurício do Valle, 1965), Grande Prêmio Latino-Americano (Festival Internacional de Mar del Plata, Argentina, 1966).

Crítica
O SERTÃO BARROCO DE GLAUBER
João Carlos Sampaio

Mais célebre filme de Glauber Rocha e talvez o título brasileiro mais conhecido no mundo, Deus e o diabo na terra do sol é um extravagante exercício autoral, no qual se misturam influências do cinema realista, do faroeste norte-americano, da literatura de cordel e da dramaturgia do teatro simbolista.
O Sertão Nordestino no Brasil dos anos 1940 é o cenário para a saga do vaqueiro Manuel (Geraldo Del Rey) e sua esposa (Yoná Magalhães). Castigado pela seca inclemente, pela condição de pobreza e exploração da sua força de trabalho, o camponês sangra o latifundiário que o oprime e foge com a mulher.
Nas andanças o casal vai encontrar um líder messiânico (Lídio Silva), que promete prosperidade e boa vida aos que o seguirem. Eles resolvem se tornar discípulos, até que a mulher se rebela com os rituais exóticos e resolve apunhalar o religioso. Novamente, os protagonistas ficam à deriva.
É quando vão encontrar o cangaceiro Corisco (Othon Bastos), cuja vida consiste em saquear para tirar o sustento. Parece uma alternativa razoável para o casal desvalido, até que surge a figura do matador de aluguel (Maurício do Valle), justiceiro decidido a matar o cangaceiro.
Deus e o diabo na terra do sol é um filme repleto de simbologia, que usa os personagens para recriar as forças conflitantes no Nordeste empobrecido. O líder messiânico representa Deus como solução para as injustiças sociais; o cangaceiro é o satanás, ou seja, a solução pela força. O matador de aluguel restitui o equilíbrio, afirmando que nem Deus, nem o seu algoz, são donos da razão.
A terra pertence ao homem é o que diz o filme de Glauber Rocha, que imprime as suas convicções marxistas e revolucionárias com um discurso de grande força visual, amparado pela trilha sonora composta por Sérgio Ricardo, a partir da influência do trovadorismo sertanejo e da poesia popular do cordel.
A virulência que o cineasta usava para defender suas idéias está presente neste filme, que é uma das obras-primas do Cinema Novo e traz todo o vigor do escola político-poética, que mobilizou corações e mentes nos anos 1960.
Barroca desde a sua espinha dorsal, a obra passeia de um extremo a outro, com ousadia e despojamento narrativo. Propõe uma construção que é, ao mesmo tempo, áspera na sua gênese e sofisticada nas suas pretensões discursivas.
Da fome e da miséria, Glauber supõe que virá a revolta. A ira como alimento suficiente para o homem comum, representado pelo vaqueiro Manuel, contestar a sua própria condição. Ele é quem irá se salvar em meio a essa peleja entre Deus e o diabo, metáfora simbólica à crença democrática, de que o povo é quem detém o poder e a força para persistir, superando os desmandos e adversidades.

*João Carlos Sampaio é jornalista e crítico de cinema. Escreve para veículos impressos e atua também como comentarista em programas de rádio e TV.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Próximas sessões e programação de ciclos

A partir de ontem incluímos uma nova sessão permanente no blog, a Próximas sessões, que vocês podem ler ali na coluna da direita. Nossa idéia é poder anunciar a programação do mês seguinte, para que as pessoas possam se planejar também com antecedência. Cabe registrar que no caso de alguns filmes só podemos nos assegurar de sua com poucos dias de antecedência. De qualquer maneira vamos tentar trazer mais esta informação para os associados e leitores.
Para as 2 próximas sessões teremos o encerramento do miniciclo Nordeste do Brasil, que começou na semana passada com O Homem da Mata e Baile Perfumado e continua no dia 27/07 com Deus e o Diabo na Terra do Sol e no dia 03/08 com A Saga da Asa Branca e O Homem que Virou Suco. Em todos estes filmes para além da sua diversidade estética, de linguagem e de temática - encontramos o nordeste brasileiro com sua história, sua organização social, sua geografia, sua gente, seus dramas, tragédias e belezas.

E com a novidade da programação mensal penso que poderíamos explorar ainda mais a idéia de ciclos temáticos. Neste ano, mesmo sem explicitar, sem chamar de ciclo (até porque não tínhamos certeza da disponibilidade dos filmes nas datas previstas) fizemos uma sequência de projeções sobre adolescentes em situação de risco: Os Incompreendidos, Os Esquecidos, Tartarugas Podem Voar. E agora estamos com os filmes sobre o Nordeste.
Gostaria de pedir sugestões de ciclos por temas, diretores, atrizes, atores, nacionalidade. O legal mesmo seria termos vários programadores para nossas sessões: alguém programa setembro, outra pessoa programa outubro, outras duas programam novembro em conjunto e assim vamos fazendo da Amigos do Cinema cada vez mais cineclube.

Já recebemos várias sugestões ao final das sessões e também por email. Um filme recorrente é o Cores do Paraiso. Não esqueci dele, só não consegui ainda localizá-lo. Se alguém souber onde ou com quem, seria de grande ajuda.
Abraços
Caco

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Baile Perfumado e O Homem da Mata nesta segunda na Estação

Caros amigos do cinema,
nesta segunda, dia 20 de julho, teremos dois filmes (um curta e um longa)na nossa tradicional sessão das 20 horas na Estação Férrea:

Baile Perfumado

Lírio Ferreira e Paulo Caldas , PE, 1998, 93 min.
Cinebiografia do libanês Benjamim Abrahão, o único a filmar Lampião e seu bando. O filme mostra desde a morte do Padre Cícero até a morte de Lampião e enfoca o aburguesamento do cangaço e a modernização do Sertão.

O Homem da Mata

Antonio Luiz Carrilho , PE, 2004, 18 min.
José Borba da Silva, ator, canavieiro, cantor, pai-de-santo e artista da cultura popular, interpreta Jack, o vingador justiceiro, super-herói defensor dos trabalhadores da Zona da Mata Atlântica do Nordeste do brasil.



Crítica
Os Inquietos Vão Mudar o Mundo.
Glênio Nicola Povoas.

Baile Perfumado propõe outros olhares sobre o mito de Virgulino Ferreira da Silva. Mas o personagem principal não é o cangaceiro e sim Benjamim Abrahão, conhecido como o mascate que filmou Lampião. Baile Perfumado inicia com a morte do Padre Cícero Romão Baptista, aos 90 anos, em Juazeiro do Norte, Ceará, em 20 de julho de 1934. Na caatinga, enfrentamento entre o bando de Lampião e uma volante liberada pelo tenente Lindalvo Rosas. Em Fortaleza, Abrahão propõe a Adhemar Bezerra de Albuquerque, proprietário da ABA Film (iniciais de seu nome), a confecção de um filme sobre Lampião. Abrahão parte m busca de apoio junto aos coronéis que possam garantir segurança. O encontro acontece num dos esconderijos do bando. O líder aceita ser filmado (em alguns dias de maio de 1936). Abrahão retorna para mais filmagens e fotografias (de outubro de 1936 a início de janeiro de 1937). Fotos de Lampião são publicadas em O Cruzeiro, revista semanal de maior circulação nacional. Os governos não gostam. Em seguida, o filme é proibido (abril de 1937) e Abrahão é assassinado (em 10 de maio de 1938). Lampião, no topo de uma rocha, olha a caatinga.

O libanês Benjamim Abrahão conviveu com os dois maiores mitos do sertão nordestino. Foi secretário particular de Padre Cícero nos seus últimos dez anos de vida. Conheceu Virgulino acompanhado de seu bando, em março de 1926, quando vão a Juazeiro, solicitados pelo governo federal para lutar contra a Coluna Prestes. Na Feliz análise dos próprios realizadores a figura de Abrahão é a metáfora da “modernidade entrando no sertão”.

Houve muita pesquisa e descobertas e nem tudo está no filme. Encontros com o especialista Frederico Pernambucano de Mello, que entre outras preciosidades havia adquirido alguns pertences de Abrahão, como duas cadernetas com anotações em árabe e a câmera usada para as históricas filmagens. As informações sobre o filme de depois de exibição em Fortaleza, por decisão federal, de Lourival Fontes, diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda, negativos e cópias de Lampião, o Rei do Cangaço são apreendidos (abril de 1937) e depositados num porão. O material é descoberto em 1957 por Alexandre Wulfes e Alcebíades Ghiu que recuperam os 15 minutos conhecidos desde então. Essas imagens vem aparecendo ressignificadas em Memória do Cangaço (1965, Paulo Gil Soares) ou A Musa do Cangaço (1982, José Umberto Dias). Dias é responsável por um texto que é básico para Baile Perfumado, “Benjamim Abrahão, o mascote que filmou Lampião” incluindo no livro “Cangaço – O Nordeste no cinema brasileiro”, organizado por Maria do Rosário Caetano (Brasília, Avathar, 2005).

Acompanha esta edição o curta O Homem da Mata. Na fronteira entre o documentário e a ficção, o filme faz um resgate de José Borba, ator, canavieiro, cantor, compositor, pai-de-santo, artista da cultura popular, que interprete Jack, o vingador justiceiro, protetor dos canavieiros. Filmado nas cidades de Aliança e Condado, na Zona da Mata pernambucana. É a segunda direção em cinema de Antônio Luís Carrilho; realizou antes o curta Sociobiologia (2000).



Baile Perfumado
Ficha de Informações do Filme
Título: Baile Perfumado
Duração: 93 min.
Ano: 1998
Cidade: UF(s): PE País: Brasil
Gênero: Ficção
Subgênero: Suspense
Cor: Colorido/PB

Ficha Técnica
Direção: Lírio Ferreira e Paulo Caldas
Roteiro: Paulo Caldas, Lírio Ferreira e Hilton Laverda
Elenco: Duda Mamberti, Luís Carlos Vasconcelos, Aramis Trindade, Chico Diaz, Jofre Soares, Cláudio Mamberti
Empresa(s) Co-produtora(s): Raccord Produções Artísticas
Produção Executiva: Paulo Caldas, Germano Coelho Filho, Lírio Ferreira, Marcelo Pinheiro e Aramis Trindade
Direção Fotografia: Paulo Jacinto dos Reis
Montagem/Edição: Vânia Debs
Direção de Arte: Adão Pinheiro
Técnico de Som Direto: Vírgina Flores, Cesar Migliorin e Fernando Ariani
Descrições das Trilhas: Direção Musical: Chico Science e Fred Zero Quatro, Sergio Siba Veloso, Lucio Maia e Paulo Rafael.

Dados Técnicos
Suporte de Captação: 35mm
Janela de projeção de película: 1:1.33
Disponível nos Suportes: Vídeo (DVD)
Som: Sonoro - Dolby SR
Classificação Indicativa: 14 anos



O Homem da Mata
Ficha de Informações do Filme
Título: O Homem da Mata
Duração: 18 min.
Ano: 2004
Cidade: UF(s): PE País: Brasil
Gênero: Ficção
Subgênero: Suspense
Cor: PB

Ficha Técnica
Direção: Antonio Luiz Carrilho
Roteiro: José Borba da Silva, Antônio Luiz Carrilho de Souza Leão e Guilherme Sarmiento.
Direção de Atores: Manoel Carlos
Elenco: Hermila Guedes, Lourival Batista, Nerisvaldo Alves, Simião Martiniano, Soraia Silva, Jones Melo, Jonathans Ferreira Lucena, José Borba da Silva
Empresa(s) Co-produtora(s): Canoa Filmes
Produção Executiva: Rosa Melo.
Direção de Produção: Renato Pimentel
Direção Fotografia: Mariano Pikman
Operador de Câmera: Mariano Pikman
Montagem/Edição: Karen Barros, Rodrigo Savastano
Direção de Arte: Antônio de Olinda, Cristiano Sidoti, Daniela Brilhante e Lourival Batista.
Técnico de Som Direto: Osman Assis, Bárbara de Lito
Sound Designer: Luiz Eduardo Carmo
Descrições das Trilhas: Armando Lobo

Dados Técnicos
Suporte de Captação: 16mm
Janela de projeção de película: 1:1.33
Disponível nos Suportes: Vídeo (DVD)
Som: Sonoro - Dolby SR

Classificação Indicativa: Não possui a Classificação Indicativa do Ministério da Justiça

Currículo do filme
Prêmios:
-Melhor Filme; Melhor Ator e Melhor Montagem em 16mm no Festival de Brasília, 37, 2004, Brasília - DF..
-Prêmio Especial do Júri no Curta Cinema, 2004, RJ..
-Prêmio Expressão Cultural no Festival Brasileiro do Cinema Universitário, 10, 2005, RJ.

Enquete sobre o dia da sessão

Os amigos e amigas que olharem ali na coluna da direita, um pouco abaixo, encontrarão os resultados de nossa enquete sobre o melhor dia para a sessão e poderão verificar que a terça-feira aparece com larga vantagem como o dia preferido.
Para este ano não é possível trocar, devido à escala de ocupação do Centro de Cultura da Estação Férrea. Vamos registrar a sugestão dos associados e tentar esta modificação para 2010.
Até lá continuaremos com a sessão dos Amigos do Cinema nas segundas, às 20 horas, na Estação.

Fórum da Cultura

Conforme o Antelmo nos lembrou na postagem anterior, dia 15 tivemos importante reunião do Fórum da Cultura. No dia 12 de agosto teremos a próxima, quando o fórum irá definir sua proposta de composição do Conselho Municipal de Cultura. Mais informações podem ser encontradas no blog do Fórum da Cultura http://culturascs.blogspot.com

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Caros amigos e amigas,
No dia 15 de julho, quarta-feira, teremos uma importante reunião mensal do Fórum da Cultura, das 18h às 20 horas na Estação Férrea.

Vamos retomar a discussão sobre o Conselho Municipal de Cultura com o objetivo de definir critérios ou diretrizes sobre a participação da sociedade organizada no conselho: quais as entidades, a que setores da cultura elas representam, como serão escolhidas. Além da representação das diversas manifestações culturais é estritamente necessaária a participação da sociedade representando os apreciadores de cultura da nossa cidade.

domingo, 12 de julho de 2009

Tudo Bem, nesta segunda às 20 horas na Estação Férrea

Caros amigos do cinema, nesta segunda-feira nossa sessão terá o filme Tudo Bem, de Arnaldo Jabor. É um filme de 1978 que faz um interessantísimo retrato do Brasil dos anos 70 do século passado e é um dos grandes filmes que o Jabor fez quando ainda não era comentarista da Rede Globo. O filme foi muito premiado na época: Melhor Filme no Festival de Brasília de 1978. Melhor Ator Coadjuvante para Paulo Cesar Pereio no mesmo festival. Prêmios Moliére de Cinema de 1978: melhor filme, melhor direção, melhor atriz (Fernanda Montenegro). E ainda, no Festival de Taormina, na Itália, o de melhor atriz para Fernanda Montenegro.
Além do Pereio e da Fernanda Montenegro, estão no elenco profissionais do porte de Paulo Gracindo, Stênio Garcia, José Dumont, Anselmo Vasconcellos,Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães e Fernando Torres.
Quero destacar ainda que o autor da crítica que está logo abaixo da ficha técnica do filme, é o santacruzense Marcus Mello, crítico, editor de revistas de cinema e programador da Sala P. F. Gastal, cinema manticdo pela secretaria municipal de cultura de Porto Alegre.


Tudo Bem

Sinopse:
Uma família de classe média do Rio de Janeiro decide reformar o apartamento para o noivado da filha, que só pensa em se casar. O pai é funcionário público aposentado e perdeu o interesse pela mãe, que sofre com a rejeição. O filho é um executivo oportunista. Duas empregadas domésticas completam o quadro de moradores, que têm seu cotidiano totalmente alterado com a chegada dos trabalhadores. Em meio às obras, todos os habitantes desse microcosmo de conflitos sociais vão revelando suas particularidades.


Ficha de Informações
Título: Tudo Bem
Duração: 110 min e 0 seg.
Ano: 1978
País: Brasil
Gênero: Ficção
Subgênero: Suspense
Cor: Colorido

Ficha Técnica
Direção: Arnaldo Jabor
Roteiro: Arnaldo Jabor e Leopoldo Serran
Elenco: Fernanda Montenegro, Paulo Gracindo, Maria Silvia, Zezé Motta, Stênio Garcia, José Dumont, Anselmo Vasconcellos,Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães,Fernando Torres, Luis Linhares, Jorge Loredo,Álvaro Freire, José Maranhão Torres, Alby Ramos, Jesus Pin
Empresa(s) Co-produtora(s): Sagitário Produções Cinematográficas Ltda.,Embrafilme - Empresa Brasileira de Filmes S.A.
Produção Executiva: Arnaldo Jabor
Direção de Produção: Carlos Alberto Diniz
Direção Fotografia: Dib Lutfi
Montagem/Edição: Gilberto Santeiro
Cenografia: Hélio Eichbauer
Figurino: Hélio Eichbauer
Técnico de Som Direto: Vitor Raposeiro
Mixagem: Aloysio Vianna

Dados Técnicos
Suporte de Captação: 35mm
Disponível nos Suportes: Vídeo (DVD)
Som: Sonoro
Mono


Classificação Indicativa: 16 anos

Currículo do filme
Prêmios: Melhor Filme e Melhor Ator Coadjuvante para Pereio, Paulo Cesar no Festival de Brasília, 11, 1978, Brasília - DF..
Prêmios Moliére de Cinema, 1978, de Melhor Filme; de Melhor Direção e de Melhor Atriz para Montenegro, Fernanda..
Melhor Atriz para Montenegro, Fernanda no Festival de Taormina - IT.

Crítica

O PAÍS NA SALA DE JANTAR
Marcus Mello

Expoente da segunda fase do Cinema Novo, Arnaldo Jabor iniciou sua carreira como documentarista com o excelente Opinião pública (1967), mas é na ficção que este diretor carioca nascido em 1940 vai encontrar sua verdadeira vocação. Entre o início dos anos 1970 e a primeira metade dos anos 1980, Jabor produziu uma série de filmes marcantes, combinando um forte traço autoral com uma ampla capacidade de comunicação com as platéias. Se o alegórico Pindorama (1973), sua estréia na ficção, desagradou tanto à crítica quanto ao público, a recuperação viria com Toda a nudez será castigada (1973) e O casamento (1978), vigorosas adaptações cinematográficas de Nelson Rodrigues, que asseguraram uma consagração imediata ao então jovem diretor (admiração compartilhada pelo próprio Nelson Rodrigues).

Tudo bem (1978) dá início a um tríptico de filmes, conhecido como a "Trilogia do apartamento", que teria continuidade com Eu te amo (1980) e Eu sei que vou te amar (1984). Trata-se de um projeto ambicioso, e muito bem-sucedido, visto por inúmeros críticos como a obra-prima de Jabor. A trama acompanha os percalços de uma família de classe média envolvida na reforma de seu apartamento em Copacabana. O pai, o funcionário público aposentado Juarez Barata (Paulo Gracindo), a esposa insatisfeita sexualmente (Fernanda Montenegro), a filha que só pensa em casar (Regina Casé), o filho meio cafajeste (Luiz Fernando Guimarães) e as duas empregadas domésticas da casa (Maria Sílvia e Zezé Motta) têm seu cotidiano alterado pela convivência com o grupo de operários contratados para a obra.

A partir dessa situação até certo ponto banal, Jabor desenha um retrato desconcertante do Brasil, desnudando nossas idiossincrasias e contradições mais profundas. O aspecto alegórico está presente o tempo inteiro, mas sem prejuízo da comunicabilidade, alcançada pela mistura de situações cômicas e absurdas apresentadas pelo roteiro, assinado por Leopoldo Serran em parceria com Jabor, que dialoga diretamente com o universo de Nelson Rodrigues.

A exemplo de alas de uma escola de samba que elegesse como tema as misérias nacionais - a alienação da classe média, o sincretismo religioso, o apartheid social, a invasão do capital estrangeiro, a ressaca do Milagre Econômico, o gosto pela corrupção -, os dramas do País vão desfilando entre as quatro paredes do apartamento da família Barata, num esforço totalizante que procura oferecer ao espectador, através do cinema, uma interpretação do Brasil.
Verborrágico e excessivo, Tudo bem pode ser visto como uma ópera barroca sobre um país de alma doente. O risco de resvalar para a teatralidade, facilitado pela situação de confinamento dos personagens, no entanto, é evitado pela encenação sofisticada de Jabor, que conta ainda a seu favor com o auxílio de um elenco notável de atores, provavelmente o melhor já reunido numa produção brasileira.

*Marcus Mello: Crítico de cinema, é editor da revista Teorema (RS) e colaborador das revistas Aplauso (RS) e Cinética (RJ). Programador da Sala P. F. Gastal, cinema mantido pela Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Sessão 06 de julho


A sessão dos Amigos do Cinema desta segunda dia 06 de julho apresentaremos o filme Tartarugas Podem Voar, uma produção iraniana/iraquiana. A sessão será às 20 horas na Estação Férrea. como sempre, a sessão é gratiuta e aberta ao público em geral.

Sinopse
Em uma vila de curdos no Iraque, na fronteira entre o Irã e a Turquia e pouco antes do ataque americano contra o país, os moradores locais buscam desesperadamente uma antena parabólica, na intenção de ter notícias via satélite.


Ficha Técnica
Título Original: Lakposhtha Hâm Parvaz Mikonand
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 95 minutos
Ano de Lançamento (Irã / Iraque): 2004
Estúdio: Mij Film Co. / Bac Films
Distribuição: Bac Films / Imovision
Direção: Bahman Ghobadi
Roteiro: Bahman Ghobadi
Produção: Babak Amini, Hamid Karim Batin Ghobadi, Hamid Ghavami e Bahman Ghobadi
Música: Hossein Alizadeh
Fotografia: Shahram Assadi
Desenho de Produção: Bahman Ghobadi
Edição: Mustafa Kherqepush e Haydeh Safi-Yari


Elenco
Soran Ebrahim (Satellite)
Avaz Latif (Agrin)
Saddam Hossein Feysal (Pashow)
Hiresh Feysal Rahman (Hengov)
Abdol Rahman Karim (Riga)
Ajil Zibari (Shirkooh)


TARTARUGAS PODEM VOAR
Bahman Ghobadi, Lakposhta hâm parvaz mikonand, Irã, 2004

A cidade inteira gira em torno de Satélite. Satélite é um menino de óculos que lhe tomam metade do rosto. Ele traz e instala antenas nos vilarejos entre a fronteira do Irã com o Iraque, tanto as convencionais quanto as parabólicas. Negociante precoce, ele arruma sustento para os órfãos curdos fazendo-os recolher minas americanas que ele posteriormente vende a um comerciante local. Além disso, Satélite também é o intérprete dos acontecimentos que estão prestes a ter lugar naquela localidade: estamos nas vésperas da invasão americana ao Iraque, e os anciãos do vilarejo instalam uma parabólica para tentar se antecipar à declaração de guerra e preparar-se para o pior. Satélite (pronúncia americana, "sateláit"), com suas duas ou três palavras em inglês, é a única pessoa que parece possivelmente capaz de desvendar a fala dos canais americanos que desencadeará a guerra. Tartarugas Podem Voar é um nome poético para designar dois percursos: o primeiro é o do menino self-made-man que venera tudo que é made in USA mas que perde tudo que tem por causa de coisas made in USA; o segundo é o percurso de uma mina que explode - um objeto semelhante a uma tartaruga encolhida que, ao contrário do animal, se abre quando alguém encosta nela, e voa, tirando pedaço daqueles que estão por perto.

Bahman Ghobadi, em seu terceiro longa, não abandona seu sadismo característico de estabelecer tensões emocionais a partir de aleijados e animais em situações delicadas e daí tentar extrair sentimentos "humanos" ou evocações humanitárias. Mas dessa vez o coquetel vem recheado de uma densidade inesperada, menos estética do que política. Antes dos Estados Unidos invadirem fisicamente as terras, pela presença das tropas, eles já invadiram todo o resto: o solo através das minas americanas, a língua através das saudações e das outras palavras que Satélite troca com seus parceiros de negócios, o imaginário a partir dos canais de televisão (tanto os canais permitidos quanto os "proibidos", os de música, de comportamento e de sexo), e até a prole, uma vez que o filho da menina Agrin foi concebido através de um estupro por soldado americano. Vendo nela uma pessoa tão solitária quanto ele, Satélite se apaixona por Agrin e completa enfim seus códigos e sua dependência em relação aos EUA: tudo que diz respeito a Satélite foi ou será tocado pela presença americana, da qual ele será – sem trocadilho – um satélite, e um satélite que servirá de astro maior a toda a comunidade, esta também tornada satélite do menino.

Tartarugas Podem Voar comove em alguma medida porque jamais nos impõe essa centralização. Vemos aos poucos que todo o entorno de Satélite vai sendo destruído pela mão imaterial americana, mas isso nunca é telegrafado diretamente para nós. É pela acumulação discreta de signos que podemos "ver" o que acontece. E "ver" tem um significado bastante específico no filme. "Ver" não é da natureza laica da visibilidade ocidental, mas do destino e do desígnio: Satélite precisa interpretar como um oráculo as imagens (que ele não entende) da televisão, mas, sabendo que ele não é nem oráculo e muito menos um verdadeiro intérprete, ele espera que um outro faça por ele a profecia (dessa vez uma verdadeira profecia) e ele possa, como falso oráculo, declarar a iminência da guerra. Seguem planos de helicópteros americanos chegando e distribuindo folhetos em que dizem que são a salvação do mundo, enquanto ao longo do filme vemos que os estilhaços deixados pela presença americana são de forma global a própria razão da penúria daquela gente. Poderosa arte de apenas mostrar, esperando que a síntese se faça somente na cabeça do espectador (assim como a relação tartaruga=mina), dando a ele a liberdade de entrar na história e ruminar por si próprio a complexidade de visões e interesses do qual o filme é questão. Satélite é um ditador? É um santo? É o porta-voz da desgraça ou a última chance de esperança? Mártir ou vilão? Bahman Ghobadi parece muito mais interessado na ambigüidade – que, no mais, é a dele próprio, de diretor com preocupações políticas mas também cheio de crueldade em filmar o que filma – do que na defesa cega de uma figura fácil demais de se identificar. Através de Satélite, repousa toda a problemática do cinema de Bahman Ghobadi e, especificamente, de Tartarugas Podem Voar, filme comovente em sua sinceridade formal e em sua falta de jeito estilística.

Ruy Gardnier

domingo, 28 de junho de 2009

Sessão Amigos do Cinema - 29 de junho

Meus amigos,
nesta segunda dia 29 de junho os Amigos do Cinema voltam a fazer sua sessão das 20 horas no Centro de Cultura da Estação Férrea, às 20hs.
Para esta segunda o programa é comosto por 6 curta-metragens brasileiros sobre a violência urbana produzidos entre 1998 e 2005, conforme sinopses e crítica abaixo.
Um abraço
Caco



A violência cotidiana, uma das maiores mazelas da sociedade brasileira, não podia ficar fora da mira dos nossos cineastas. E essa seleção de seis curtas-metragens sobre o tema mostra que ela está presente tanto nos grandes centros - caso dos cariocas Rota de colisão (Roberval Duarte) e Bala perdida (Victor Lopes), e dos paulistas O trabalho dos homens (Fernando Bonassi) e Balaio (Luiz Montes) - como em outras regiões do país, exemplificadas por João Pessoa (O cão sedento, de Bruno de Sales) e Cuiabá (Baseado em fatos reais, de Bruno Bini).


Filmes do Programa:
Bala Perdida
Victor Lopes , RJ, 2004
Balaio
Luiz Montes , SP, 2004
Baseado em Fatos Reais
Bruno Bini , MT, 2001
O Cão Sedento
Bruno de Sales , PB, 2005
O Trabalho dos Homens
Fernando Bonassi , SP, 1998
Rota de Colisão
Roberval Duarte , RJ, 1999

Tempo total aproximado do programa: 73 minutos.
Crítica

BANG-BANG NAS METRÓPOLES BRASILEIRAS
João Carlos Sampaio

Histórias que transportam para a ficção as ocorrências policiais dos grandes centros urbanos do país inspiram os seis curtas-metragens desta seleção, que reúne obras rodadas entre 1998 e 2005.

Dois atiradores de elite se posicionam no terraço de um prédio em São Paulo, aguardando a ordem para executar um seqüestrador. Enquanto esperam o momento de agir, conversas sobre comida e amenidades cotidianas povoam os diálogos de O trabalho dos homens (1998), de Fernando Bonassi. Ele trabalha o acessório como principal, tanto que a violenta ação em curso é vista à distância, numa inversão interessante do foco narrativo.

O curta carioca Rota de colisão (1999) trata do roubo de pedras preciosas, a partir do envolvimento de três personagens. Um operário em sua hora de folga, um garoto aficionado por jogo de gudes e um ladrão em fuga vão se encontrar na trama criada por Roberval Duarte. Ele filma em preto e branco, experimentando texturas. Com uma dramaturgia ultra-realista, não usa diálogos e brinca com as muitas variáveis para a solução da história.

Inspirado em conto do escritor Marçal Aquino, Balaio (2004) apresenta um tenso encontro no bar, que envolve matadores, bandidos e policiais. A ambientação lembra os filmes de faroeste, só que a terra-sem-lei dessa fita é o subúrbio paulistano, em pleno século 21. O diretor Luiz Montes divide a tela em vários quadros para sublinhar as ações simultâneas. O recurso aumenta a tensão da montagem e dá ênfase aos mínimos gestos dos personagens.
Uma locução radiofônica abre a narrativa de O cão sedento, curta paraibano assinado por Bruno de Sales, sobre um assassino em série, que rouba e mata sem deixar vestígios. Trabalha com elementos de suspense, revelando apenas ao espectador os subterfúgios do criminoso, enquanto a polícia e os outros personagens mostrados na trama continuam em busca de respostas. Destaque para o uso de intervenções gráficas, com desenhos que imitam histórias em quadrinhos.

Um exercício de montagem interliga os acontecimentos paralelos de Bala perdida (2004), cuja intersecção mais marcante se dá com a presença sonora de estampidos de tiros e de uma buzina de carro. A ação mostra a tranqüilidade numa praça carioca interrompida por disparos capazes de atingir alvos inocentes. A direção é de Victor Lopes, que levanta o tema sobre a crescente sensação de insegurança nas metrópoles.

Sexo, drogas, rock'n'roll e carros em velocidade preenchem o universo adolescente de Baseado em fatos reais (2001), curta matogrossense dirigido por Bruno Bini, que fecha este painel sobre a violência urbana. A fita recorre a clichês das tramas policiais para contar a história de três rapazes de classe média, cujas vidas são alteradas depois de uma noite de excessos. O filme discute a natureza moral do crime, dando à luz reflexões morais e uma crítica social à impunidade.

*João Carlos Sampaio, 37 anos é jornalista e crítico de cinema. Escreve para veículos impressos e atua também como comentarista em programas de rádio e TV.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

sessão de segunda-feira 29 de junho

Meus amigos,
nesta segunda-feira, dia 29 de junho, os Amigos do Cinema voltam a fazer sua sessão das 20 horas no Centro de Cultura da Estação Férrea.
Para esta segunda o programa é composto por 6 curta-metragens brasileiros sobre a violência urbana produzidos entre 1998 e 2005, conforme sinopses e crítica abaixo.
Um abraço
Caco Baptista



A violência cotidiana, uma das maiores mazelas da sociedade brasileira, não podia ficar fora da mira dos nossos cineastas. E essa seleção de seis curtas-metragens sobre o tema mostra que ela está presente tanto nos grandes centros - caso dos cariocas Rota de colisão (Roberval Duarte) e Bala perdida (Victor Lopes), e dos paulistas O trabalho dos homens (Fernando Bonassi) e Balaio (Luiz Montes) - como em outras regiões do país, exemplificadas por João Pessoa (O cão sedento, de Bruno de Sales) e Cuiabá (Baseado em fatos reais, de Bruno Bini).


Filmes do Programa:
Bala Perdida - Victor Lopes , RJ, 2004
Balaio - Luiz Montes , SP, 2004
Baseado em Fatos Reais - Bruno Bini , MT, 2001
O Cão Sedento - Bruno de Sales , PB, 2005
O Trabalho dos Homens - Fernando Bonassi , SP, 1998
Rota de Colisão - Roberval Duarte , RJ, 1999

Tempo total aproximado do programa: 73 minutos.

Crítica
BANG-BANG NAS METRÓPOLES BRASILEIRAS
João Carlos Sampaio

Histórias que transportam para a ficção as ocorrências policiais dos grandes centros urbanos do país inspiram os seis curtas-metragens desta seleção, que reúne obras rodadas entre 1998 e 2005.
Dois atiradores de elite se posicionam no terraço de um prédio em São Paulo, aguardando a ordem para executar um seqüestrador. Enquanto esperam o momento de agir, conversas sobre comida e amenidades cotidianas povoam os diálogos de O trabalho dos homens (1998), de Fernando Bonassi. Ele trabalha o acessório como principal, tanto que a violenta ação em curso é vista à distância, numa inversão interessante do foco narrativo.
O curta carioca Rota de colisão (1999) trata do roubo de pedras preciosas, a partir do envolvimento de três personagens. Um operário em sua hora de folga, um garoto aficionado por jogo de gudes e um ladrão em fuga vão se encontrar na trama criada por Roberval Duarte. Ele filma em preto e branco, experimentando texturas. Com uma dramaturgia ultra-realista, não usa diálogos e brinca com as muitas variáveis para a solução da história.
Inspirado em conto do escritor Marçal Aquino, Balaio (2004) apresenta um tenso encontro no bar, que envolve matadores, bandidos e policiais. A ambientação lembra os filmes de faroeste, só que a terra-sem-lei dessa fita é o subúrbio paulistano, em pleno século 21. O diretor Luiz Montes divide a tela em vários quadros para sublinhar as ações simultâneas. O recurso aumenta a tensão da montagem e dá ênfase aos mínimos gestos dos personagens.
Uma locução radiofônica abre a narrativa de O cão sedento, curta paraibano assinado por Bruno de Sales, sobre um assassino em série, que rouba e mata sem deixar vestígios. Trabalha com elementos de suspense, revelando apenas ao espectador os subterfúgios do criminoso, enquanto a polícia e os outros personagens mostrados na trama continuam em busca de respostas. Destaque para o uso de intervenções gráficas, com desenhos que imitam histórias em quadrinhos.
Um exercício de montagem interliga os acontecimentos paralelos de Bala perdida (2004), cuja intersecção mais marcante se dá com a presença sonora de estampidos de tiros e de uma buzina de carro. A ação mostra a tranqüilidade numa praça carioca interrompida por disparos capazes de atingir alvos inocentes. A direção é de Victor Lopes, que levanta o tema sobre a crescente sensação de insegurança nas metrópoles.
Sexo, drogas, rock'n'roll e carros em velocidade preenchem o universo adolescente de Baseado em fatos reais (2001), curta matogrossense dirigido por Bruno Bini, que fecha este painel sobre a violência urbana. A fita recorre a clichês das tramas policiais para contar a história de três rapazes de classe média, cujas vidas são alteradas depois de uma noite de excessos. O filme discute a natureza moral do crime, dando à luz reflexões morais e uma crítica social à impunidade.

*João Carlos Sampaio, 37 anos é jornalista e crítico de cinema. Escreve para veículos impressos e atua também como comentarista em programas de rádio e TV.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Sessão dia 22 de junho de 2009


Nossa sessão do dia 22 de junho, próxima segunda, ocorrerá no Cine Santa Cruz, no Shopping Imigrantes, às 21h20. O filme apresentado será Divã, baseado na obra da escritora gaúcha Martha Medeiros.
Brasil, 2009, Comédia, 93 min.
Sinopse:
Mercedes (Lília Cabral) é uma mulher casada e com dois filhos que, aos 40 anos, tem a vida estabilizada. Um dia ela resolve, por curiosidade, procurar um analista. Aos poucos ela descobre facetas que desconhecia, tendo que contar com o marido Gustavo (José Mayer) e a amiga Mônica (Alexandra Richter) para ajudá-la.

Mais informações no site oficial: www.divaofilme.com.br

sexta-feira, 12 de junho de 2009


Os Esquecidos, de Buñuel. Nesta segunda, 20 horas, na Estação.

Nesta segunda-feira, dia 15 de junho vamos projetar Os Esquecidos, de Luis Buñuel. Como todas as segundas, a sessão inicía às 20 horas, na Estação Férrea, e será segiuida de debate. Depois de termos visto Os Incompreendidos, de Truffaut, na última segunda, continuamos com a temática da vida e das dificuldades dos adolescentes pobres nas grandes cidades da metade do século passado. Estes filmes escancaram a incapacidade daquelas sociedades em lidar com seus adolescentes por meio de instituições como a escola ou os reformatórios. Nossa sociedade, nossa época, parece não conseguir ver as raízes, a historicidade e a amplitude da questão da inserção dos adolescentes na sociedade capitalista de meados do século XX.

Os Esquecidos é uma impressionante obra-prima do mestre espanhol Luis Buñuel (1900-1983), diretor dos memoráveis A Bela da Tarde, O Discreto Charme da Burguesia, O Anjo Exterminador, entre tantos outros.
O filme narra a vida de um grupo de meninos nos bairros pobres da Cidade do México nos anos 50. O adolescente El Jaibo foge do reformatório e volta para uma vida marcada pela miséria e falta de perspectivas. Ao lado de outros garotos, vive de pequenos assaltos até que se envolve num assassinato. O retrato realista do cotidiano dos menores abandonados serviu de inspiração para Hector Babenco realizar o inesquecível Pixote, a Lei do Mais Fraco.

Ficha técnica:
Título: Os Esquecidos (Los Olvidados )
Direção: Luis Buñuel
País de origem: México
Ano: 1950
Audio original: Espanhol
Trilha Sonora: Rodolfo Halffter, Gustavo Pittaluga
Duração: 77 minutos - Faixa etária: a partir de 14 anos - P&B
Elenco: Alfonso Mejía, Estela Inda, Miguel Inclán, Roberto Cobo, Alma Delia Fuentes, Francisco Jambrina, Jesús Navarro, Efraín Arauz, Sergio Villarreal, Jorge Pérez

Comentários:

Os Esquecidos
(Los Olvidados, 1950 - MEX)
Hector Babenco bebeu dessa fonte para realizar Pixote, bebeu não, embriagou-se, disso tenho certeza. Tamanha a proximidade das duas obras, excluindo-se o grande hiato temporal entre elas. O clássico de Luis Buñuel é menos urgente, e a violência cruel de sua época soa hoje como cócegas perto da infinidade de atrocidades que estamos acostumados a presenciar. Por outro lado aproxima-se bastante do que mais tarde Truffaut faria em Os Incompreendidos, aquela perda da inocência, a troca da ingenuidade pela necessidade extrema de sobrevivência num mundo que teima em tratá-los como subumanos, os esquecidos.
Um bando de garotos comete pequenos delitos na Cidade do México, Jaibo, o mais velho do bando conseguiu escapar do reformatório e volta a liderá-los. A história acompanha principalmente Jaibo e Pedro (um dos mais jovens que sofre com uma forte rejeição materna, a mãe não sabe como lidar com esse momento efervescente do filho e prefere rejeitá-lo). Pedro até tenta ajustar-se, arrumar emprego, mas a presença de Jaibo é crucial para que a sociedade o condene. Um assassinato muda de vez a vida desses garotos.
Os Esquecidos talvez seja o primeiro grande filme sobre esses delinqüentes de rua, sobre essa geração de garotos acostumados com a violência no seu percalço. Os garotos extrapolaram a violência pueril das brincadeiras entre os amigos para transformá-la numa forma de ganha-pão, ilícito, mas que lhes rendia uns trocados. Descobriram muito mais que um caminho sem volta. Buñuel impressiona pelo dinamismo que oferece aos seus personagens e na imparcialidade com que trata seus dramas, de tão realista quase transforma em documentário aqueles que seriam os tios de Pixote. Como o mundo não enxerga que meio-século se passou e a situação apenas se agrava?

Michel Simões on abril 13, 2006 8:44 AM
http://www.verbeat.org/blogs/michelsimoes/2006/04/os_esquecidos.html


Os Esquecidos
Tido como a verdadeira retomada de Luis Buñuel no universo do cinema, depois de um hiato de praticamente 20 anos, Os Esquecidos é prova de seu inconformismo com a sociedade, o que inclui até ele mesmo. O surrealismo que o marcou em início de carreira desaparece completamente para dar lugar a uma crítica social incisiva e contundente, numa crônica suburbana com personagens riquíssimos em sua aparente simplicidade. O centro do drama é o menino Pedro (Alfonso Mejía), um desgarrado que vive se metendo em encrencas com os amigos, em particular o delinqüente Jaibo (Roberto Cobo). Há esperança para esses garotos sem perspectiva? Sim, há, mas quem mais deveria fornecê-la está calejado por uma realidade cruel demais para fazê-lo.
O longa é sessão obrigatória para quem deseja conhecer a fundo o cinema de crítica social. Além disso, tal qual Bergman na Europa, filmes como este fazem parte de um grupo restrito: o dos trabalhos que transcendem o formato e alcançam o status de pura arte.
http://www.kollision.biz/movies/mov_files/mov_olvidados.htm

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Nesta segunda às 20 horas na Estação: Os Incompreendidos, de François Truffaut.

Nesta segunda, dia 8 de junho, os Amigos do Cinema exibirão, na sua sessão das 20 horas na Estação Férrea, o filme Os Incompreendidos, de François Truffaut.
Este filme é um dos marcos da nouvelle vague francesa e frequenta todas as listas dos melhores filmes de todos os tempos.

Ficha Técnica

Título Original: Les Quatre Cents Coups
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 99 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1959
Estúdio: Sédif Productions / Les Films du Carrosse
Distribuição: Cocinor
Direção: François Truffaut
Roteiro: François Truffaut e Marcel Moussy, baseado em estória de François Truffaut
Produção: François Truffaut
Música: Jean Constantin
Fotografia: Henri Decaë
Direção de Arte: Bernard Evein
Edição: Marie-Josèphe Yoyotte


Elenco
Jean-Pierre Léaud (Antoine Doinel)
Claire Maurier (Gilberte Doinel)
Albert Rémy (Julien Doinel)
Guy Decomble (Petite Feuille)
Georges Flamant (Sr. Bigey)
Patrick Auffay (Rene)
Richard Kanayan (Abbou)
Yvonne Claudie (Madame Bigey)
Robert Beauvais (Diretor da escola)
Jacques Monod (Comissário)
Pierre Repp (Professor de inglês)
Henri Virlojeux (Vigilante noturno)
François Truffaut



Sinopse
Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud) é o filho negligenciado de Gilberte Doinel (Claire Maurier), que parece ter tempo para tudo menos o bem-estar da criança. Julien Doinel (Albert Rémy) não é o pai biológico, mas cria o menino como se fosse seu filho. Gilberte está tendo um caso e não se surpreende quando, por acaso, Julien fica sabendo que Antoine não está indo à aula, pois ela sabia que na hora do colégio o filho a tinha visto com seu amante. A situação se agrava quando Antoine, para justificar sua ausência no colégio, "mata" a mãe. Quando seus pais aparecem na escola, a verdade é descoberta e Julien o esbofeteia na frente de seus colegas. Após isto ele foge de casa e arruma um lugar para dormir. Paralelamente seus pais culpam um ao outro pelo comportamento dele, após lerem a carta na qual ele se despede. No outro dia Antoine vai à escola normalmente. Lá sua mãe o encontra e se mostra preocupada por ele ter passado a noite em uma gráfica. Ela alegremente o aceita de volta, mas os problemas não acabam. Antoine se desentende com um professor, que o acusa de plagiar Balzac. Como ele odeia a escola, sai de casa de novo e para viver é obrigado a fazer pequenos roubos.



CRÍTICA
Truffaut faz manifesto de fluência e beleza em Os Incompreendidos

Nenhuma palavra é excessiva, nenhum corte é impreciso, nenhuma imagem supérflua em Os Incompreendidos (1959), o primeiro longa-metragem de François Truffaut, que volta hoje ao cinema em cópia nova. Assim, quando o professor zomba de um poema escrito na parede por Antoine Doinel, o personagem principal, dizendo que o menino de 13 anos quer ser poeta "sem saber distinguir um alexandrino de um decassílabo" e que ele "massacra a prosódia francesa", o endereço é um só. O professor encarna a "tradição de qualidade" do cinema francês, que, como crítico, Truffaut combateu com unhas e dentes.

O alvo de Truffaut eram os filmes que se davam por satisfeitos em buscar respeitabilidade em características externas a si mesmos, como origem literária, atores celebrizados no palco, cenografia dispendiosa. Contra o cheiro de mofo do cinema "nobre", Truffaut propunha um cinema abertamente plebeu, e muitas vezes descaradamente burguês.

Os Incompreendidos não foi o primeiro filme da Nouvelle Vague, mas Truffaut, aos 27 anos, o realizou com a convicção de que era um manifesto estético. Acossado, que Jean-Luc Godard lançaria alguns meses depois, completaria o serviço, e o cinema francês mudaria para sempre. Truffaut e Godard, que haviam sido os críticos mais destacados entre os "jovens turcos" da revista "Cahiers du Cinéma", escreveram juntos o argumento inicial dos dois filmes. Bem mais tarde, nos anos 70, os dois tiveram uma briga definitiva, mas cada um já tinha tomado rumo bem diferente daquele que um dia os havia unido. Quando Os Incompreendidos recebeu o prêmio de melhor direção no festival de Cannes, Godard fez a comemoração mais célebre. "Nós, como críticos, vencemos com o princípio de que um filme de Alfred Hitchcock é tão importante quanto um livro de Louis Aragon", escreveu. "Hoje a vitória é nossa". Eles, como críticos, tinham princípios ainda mais ousados. "Qualquer um pode ser diretor de cinema" e "só o amadorismo salvará o cinema" eram outros dos lemas de Truffaut e Godard em seus tempos heróicos.

Porque é um grande filme, mas também, talvez, porque o estado geral do cinema hoje em dia se preste a suscitar reações revoltadas como aquelas, Os Incompreendidos transcorre na tela com tanta fluência, tanta beleza, que humilha todos os outros filmes em cartaz. Truffaut conta a história de sua primeira adolescência, com uma ou outra alteração de fatos, mas todas as sensações intactas, sobretudo uma sensação de clandestinidade, a que sempre se referia - clandestinidade porque fugir da presença dos pais, e cuidar para que eles não percebessem, era sua atividade prioritária. Não havia refúgio mais completo, nem mais prazeroso do que os livros e o cinema.

Truffaut se sentia desprezado e odiado pela mãe, e tolerado pelo pai adotivo (como o de Doinel). Segundo ele, não era maltratado; era simplesmente "tratado". Dizia isso em entrevistas e disse também para o pai, numa carta furiosa enviada depois do lançamento de Os Incompreendidos, em resposta a outra, não menos furiosa, em que Roland Truffaut se queixava de ter, com a mulher, se tornado objeto de ódio nacional, por causa da exposição pública dos rancores de François.

Se o filme não se tornou uma ladainha de autocomiseração - longe disso -, em parte foi porque Truffaut encontrou um ator que foi também um autêntico colaborador. Ligeiramente inclinado à delinqüência, como Truffaut, Jean Pierre Léaud matou aula no dia em que compareceu ao teste para o papel, que foi sendo mudado para se adaptar a ele. Na história do filme, Truffaut entrou com muitos fatos - como o personagem, ele foi internado num reformatório pelo pai, roubou uma máquina de escrever, venerava Balzac e freqüentemenete era deixado sozinho em casa. Léaud entrou com um pouco do espírito. Truffaut dizia que seu ator (que faria o papel de Antoine Doinel em outros quatro filmes), por seu romantismo visceral, era um homem do século XIX.

Inimigo das generalidades categóricas e dos golpes de teatro, Truffaut evitou envolver Doinel e seus pais num clima de pesadelo de Dickens (a presença do escritor inglês está em outros elementos, como a mansão empoeirada em que mora seu amigo, saída diretamente de Grandes Esperanças). Doinel não sofre violência física, nem mesmo ameaças, e seus pais têm algumas das melhores características humanas. À mãe cabe a beleza: em sua primeira aparição tira as meias e deixa ver as belas pernas; mais tarde, explica ao filho o valor dos estudos (para que ele saiba escrever cartas) e, quando ele é enviado ao reformatório, pede que seja escolhido um lugar à beira do mar. Ao pai, cabe o humor. De ambos, Doinel tira indicações que o levarão aos livros e ao cinema. Quando ele foge de casa, dorme numa gráfica. À procura de uma liberdade que seus pais lhe dão pela metade, encontra na rua ninguém menos que Jeanne Moreau procurando um cachorrinho, e se deixa enfeitiçar imediatamente por ela.

Os Incompreendidos é dedicado a André Bazin, o crítico de cinema que recolheu Truffaut do reformatório e lhe deu a oportunidade de escrever para os "Cahiers". Bazin, a quem o cineasta considerava pai, morreu no primeiro dia de filmagens. Um pouco da fotografia altamente contrastada de Henri Decae, um pouco da gravidade do olhar de Léaud (congelado na seqüência final) transmitem a atmosfera de luto num filme que não poderia mesmo deixar de ser, simplesmente, triste. Mas Os Incompreendidos tem momentos muito engraçados, em especial a maioria das cenas na sala de aula, e outros de enorme encantamento, todos diretamente relacionados ao mundo do espetáculo: o carrossel que parece uma lanterna mágica, o teatro de fantoches, a alegre volta do cinema no carro do pai. Com esta estréia, Truffaut conseguiu o raro feito de transformar admiração em arte, encontrar a própria voz em meio a um emaranhado de referências externas. Foi em Jean Vigo e Roberto Rossellini que ele encontrou a inspiração que procurava, para combater a sofisticação e o sentimentalismo, como diria depois.

Márcio Ferrari/ Investnews-Gazeta Mercantil

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Sessão dos Amigos do Cinema dia 01/06/09

Sessão dos Amigos do Cinema dia 01/06/09
Local: Centro de Cultura da Estação Férrea
Hora: 20 horas


Filme: TIME, de Kin Ki Duk

Após a sessão ocorre debate com os espectadores e a diretoria do cineclube

Sinopse
A insegurança de Se-hui (Park) na relação com Ji-u (Ha) leva-a a comportamentos histéricos e embaraçosos em locais públicos. Convencida que o namorado está farto dela, decide afastar-se para fazer uma operação plástica. Ji-u continua à espera do regresso de Se-hui, desconhecendo que ela mudou de fisionomia. Entretanto, é tentado por outras mulheres, incluindo a nova empregada da coffee shop que frequenta, Sae-hui (Seong).


Ficha Técnica
Título Original: Shi Gan
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 97 minutos
Ano de Lançamento (Japão / Coréia do Sul): 2006
Estúdio: Kim Ki-Duk Film / Happinet Pictures
Distribuição: California Filmes
Direção: Kim Ki-Duk
Roteiro: Kim Ki-Duk
Produção: Kim Ki-Duk
Música: Noh Hyung-Woo
Fotografia: Sung Jong-Moo
Desenho de Produção: Choi Keun-Woo
Edição: Kim Ki-Duk

Elenco
Ha Jung-Woo (Ji-Woo)
Park Ji-Yeon (Seh-Hee)
Kim Sung-Min (Cirurgião plástico)
Seo Yeong-Hwa
Kim Ji-Heon


Comentário por Eric Novello
Time é mais uma obra instigante do cineasta coreano Kim-Ki-Duk. Dessa vez, a brincadeira com linguagem começa no título. Time é o loop criado com o início e o fim do filme, é a paranóia com idade e a obsessão por plásticas, é a idéia de que as pessoas enjoam uma das outras com o passar do tempo, a dificuldade de seguir adiante.
Kim-Ki-Duk sempre trabalha com o conceito de ausência. O que não está tem por vezes mais importância do que o que podemos ver ou ouvir. Em Primavera, verão, outono, inverno… primavera já havia o conceito do cíclico, como o nome indica. O filme se passava em uma cabana no meio de um lago dentro de uma grande floresta, e a ausência de civilização criava a ausência das palavras. Casa vazia trouxe o silêncio para o meio da cidade, e ao fugir do cenário da natureza, a ausência do som se potencializou. São raras as falas, e não há adequação dos personagens ao meio. O grande objetivo do personagem principal é ser invisível, a expressão máxima da ausência para um ator. O arco, seu trabalho seguinte, extrapolou o silêncio, mas o devolveu para o cenário bucólico. Ficou então a pergunta, o que Kim-Ki-Duk faria em seu próximo filme? Time é um filme verborrágico na maior parte do tempo. As pessoas não só gostam de se comunicar, como têm na fala uma arma contra o mundo. É pela fala que identificamos o ciúme exagerado da protagonista e suas paranóias. Pelos seus escândalos (cômicos) somos informados do seu estado psicológico fragilizado. É dela que virá a primeira grande ausência do filme, a da imagem. Certa de que o namorado enjoou de seu rosto, ela resolve fazer uma plástica. A transformação externa assume-se como símbolo do vazio interior. Após a cirurgia – e sim, o diretor nos brinda com uma cena aterrorizante de cirurgias plásticas reais, os cortes são inacreditáveis e desagradáveis, mas só aparecem uma vez, o suficiente para gerar impacto e reflexão – a personagem decide desaparecer por seis meses, até poder tirar a atadura. Esvazia o apartamento e some sem avisar ao namorado. Na maior parte do filme acompanhamos o namorado e sua solidão, a descoberta da plástica e a neurose crescente por saber que qualquer mulher ao redor pode ser o seu amor perdido. A ausência flerta com o real e vira uma crítica à perda de identidade no hipermodernismo. Passado entre o centro da cidade e um bosque com esculturas eróticas deformadas, Time não é um filme para qualquer um (Kim-Ki-Duk nunca foi), é um filme para quem gosta de cinema e sente a necessidade urgente de entendê-lo. Nele, nada é mastigado e tudo parece fruto do acaso, mas não existe nada mais trabalhoso e estudado do que o processo de parecer simples na tela do cinema. (Eric Novello é escritor e roteirista, formado no Instituto brasileiro de audiovisual - Escola de cinema Darcy Ribeiro)

Premiações
- Ganhou o prêmio de Melhor Ator (Ha Jung-Woo), no Fantasporto.